Verhofstadt afirma que "Brexit" deve ficar definido dentro de 15 meses
Líder da negociação do Parlamento Europeu com o Reino Unido aconselha governo britânico a não alimentar ilusão de conservar as vantagens de ser membro da União Europeia.
Guy Verhofstadt, o chefe da equipa de negociação do Parlamento Europeu com o Reino Unido para o "Brexit" , reagiu esta terça-feira ao discurso da primeira-ministra britânica, avisando que o acordo relativo à saída do Reino Unido da União Europeia tem de estar concluído "dentro de 14 meses ou 15, no máximo", e não nos dois anos sugeridos pelas autoridades britânicas.
Além disso, o antigo chefe do Governo belga e actual líder da Aliança dos Liberais e Democratas Europeus do Parlamento Europeu avisou que "não pode haver a ilusão" de que o Reino Unido manterá "tudo o que existe de positivo na Europa e nenhumas obrigações".
Verhofstadt, que falou aos jornalistas em Estrasburgo, à margem do processo de eleição do presidente do Parlamento Europeu que está a decorrer, deixou outra crítica à chefe do executivo britânica, a conservadora Theresa May: "Não acho que conseguiremos grandes progressos, se a negociação decorrer sob ameaças, dizendo que, se os nossos parceiros não aceitarem as nossas condições, faremos da Grã-Bretanha uma espécie de zona franca, de paraíso fiscal. Acho que precisamos é de um acordo justo".
Guy Verhofstadt insistiu que não pretendia entrar em detalhes acerca daquilo que deve ser o acordo entre a União Europeia e o Reino Unido, porque cabe a este país dizer o que pretende, depois de accionar, no final de Março, o art. 50.º, relativo à saída de um Estado-membro da Uniáo Europeia. Mas reiterou que o Reino Unido não pode esperar manter as vantagens das políticas e das instituições europeias que disse querer abandonar.
E voltou a pressionar o Governo britânico, sublinhando que "ninguém deseja" que as próximas eleições para o Parlamento Europeu, previstas para o Verão de 2019, contem ainda com a participação dos britânicos. Até porque o acordo final obtido e outros com ele relacionados terão ainda que receber "luz verde" do Parlamento Europeu.