Governo decreta três dias de luto nacional
As exéquias começam este domingo e vão durar três dias.
O Governo vai decretar três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira, por causa da morte de Mário Soares. Numa comunicação ao país a partir de Nova Deli, na Índia, onde se encontra em visita oficial, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que, além dos três dias de luto nacional, que se cumprem a partir de segunda-feira, o funeral do ex-presidente da República vai ter “honras de funeral de Estado”.
“Perdemos hoje aquele que foi tantas vezes o rosto e a voz da nossa liberdade. Mário Soares foi um homem que durante toda a sua vida se bateu pela liberdade. Fê-lo contra a ditadura e com isso sofreu a prisão, sofreu a deportação e sofreu o exílio”, considerou António Costa, falando aos jornalistas a partir do hall do hotel.
“Estando em visita de Estado, não poderei estar pessoalmente presente. Mas, à Isabel, ao João [filhos do ex-Presidente da República] e aos netos de Mário Soares, envio daqui um grande abraço e uma saudade que, para mim, será sempre eterna”, disse.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, fez um elogio a Mário Soares, considerando-o “o pai do reencontro de Portugal com a sua história” e justificou que não faria sentido interromper a visita oficial dando o ex-Presidente da República como exemplo.
Se “Mário Soares soubesse, ficaria contente porque sempre pôs o interesse do Estado e do povo português acima de quaisquer outros”, declarou aos jornalistas, lembrando ainda que foi Mário Soares que, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiro, repôs as relações com o Estado indiano.
Ele próprio em circunstâncias absolutamente dramáticas fez essa opção, quando estava a partir para uma visita de Estado à Hungria. Soube naquele momento que o seu filho, João Soares, tivera um desastre de avião quando partia da Jamba (quartel-general de Savimbi em Angola) e que estava num hospital da África do Sul às portas da morte. Manteve a viagem. Maria Barroso partiu para a África do Sul.
Exéquias fúnebres nos Jerónimos
Mário Soares era agnóstico e por isso não será velado em nenhuma capela nem haverá missa de corpo presente, mas as cerimónias fúnebres terão honras militares. As exéquias começam segunda-feira, realizando-se o funeral na terça-feira, no Cemitério dos Prazeres.
Esta segunda-feira, o corpo de Mário Soares será transportado para o Mosteiro dos Jerónimos, passando pela sua casa, no Campo Grande, e daí segue pela Avenida da República, Saldanha e Avenida da Liberdade, em direcção à Câmara de Lisboa.
Ali passará para uma charrete que o levará ao longo da Avenida 24 de Julho em cortejo com escolta a cavalo até ao Mosteiro dos Jerónimos, onde ficará em câmara ardente na Sala dos Azulejos, momento em que o público poderá prestar a sua homenagem.
Na terça-feira será levado para centro do claustro daquele monumento, onde se realiza, a partir das 13h, uma cerimónia com intervenções do Presidente da República, do presidente da Assembleia da República e dos filhos João e Isabel, que contarão com a participação do coro e orquestra do Teatro Nacional de São Carlos.
Dali, o cortejo fúnebre segue para o Cemitério dos Prazeres, passando pelo Palácio de Belém, Fundação Mário Soares, Assembleia da República e Largo do Rato, onde se encontra a sede do PS, partido de que é fundador.
No Cemitério dos Prazeres, a primeira parte do funeral será pública, com honras militares, fechando-se de seguida as portas para que a família se despeça com reserva. com Teresa de Sousa