Críticos de Passos recolhem assinaturas para convocar congresso extraordinário
O congresso teria que acontecer entre Março e Abril, porque depois disso seria demasiado próximo das eleições autárquicas de 2017.
São mais de 2500 as assinaturas já recolhidas por críticos de Pedro Passos Coelho para que seja convocado um congresso extraordinário para o próximo ano. A possível convocação de um congresso servirá para pôr em causa o lugar do actual líder do PSD, mas falta avaliar o momento em que este poderá decorrer. A informação é avançada pelo semanário Expresso.
O PSD tem descido nas sondagens e há sinais de falta de mobilização dentro do partido. Com as eleições internas do PSD marcadas para 2018, um dos impulsionadores deste movimento de recolha de assinaturas referiu ao Expresso que a avaliação do projecto do actual líder seria só feita nesse ano, “mas também pode ser antes” referindo-se ao congresso extraordinário.
A realização de um congresso não implica, no entanto, uma mudança imediata de líder do partido, visto que este é eleito por eleições directas. Este possível congresso extraordinário acabaria sim por acentuar as críticas feitas a Passos e dar início a uma disputa pela liderança do PSD.
Rui Rio é um dos nomes que se posiconam para fazer frente a Pedro Passos Coelho nas eleições directas do PSD. O ex-presidente da Câmara do Porto já se disponibilizou para o cargo e os apoios crescentes que tem ganho quase que tornam inevitável que assim seja. Rio vem ganhando terreno com a presença em cada vez mais encontros partidários do PSD.
O limite temporal para a possível realização deste congresso será em Março ou Abril de 2017, visto que depois disso a data aproxima-se demasiado das eleições autárquicas, que se realizam em Setembro ou Outubro.
A queda da popularidade de Passos e, consequentemente, do partido acabará por influenciar os próprios candidatos às autarquias. “Por todo o país há gente que Passos desiludiu, há conflitos das autárquicas que vão deixar feridas e há a ideia de que ele deu o que tinha a dar”, diz um crítico citado pelo Expresso.
Esta hipótese de algum opositor desafiar a posição de Passos Coelho ainda antes das autárquicas não é certa, mesmo com a recolha de assinatura em curso. Dirigentes sociais-democratas ouvidos pelo PÚBLICO consideram "improvável" a realização de um congresso, apesar de essa hipótese ter sido levantada por Carlos Encarnação, antigo presidente da Câmara de Coimbra.
Já do lado de Pedro Passos Coelho, o Expresso avança que na equipa do actual líder a hipótese de este ceder o seu lugar por iniciativa própria nem sequer é posta em cima da mesa. A recolha de assinaturas teve, em grande parte, apoio e mobilização da concelhia de Lisboa, cidade onde as candidaturas às autárquicas têm dado muito que falar, sendo que as negociações sobre uma coligação com o CDS para a capital continuam a perturbar o PSD.