Rui Rio ensombra Passos ao participar em almoços e jantares do PSD

Encontros têm a presença de líderes distritais do partido que, a nível nacional, não discute as autárquicas

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Rui Rio já assumiu a disponibilidade para liderar o PSD nFactos/Fernando Veludo

Os sociais-democratas mantêm-se contidos nas críticas à liderança de Passos Coelho, mas no terreno o partido está a aquecer os motores. Rui Rio tem participado em almoços e jantares do PSD, onde até estão líderes distritais, depois de se ter mostrado disponível para ser candidato à liderança do partido em 2018. 

Foi o caso de um almoço desta quarta-feira, em Anadia, em que entre os sociais-democratas esteve o líder da distrital de Aveiro, Salvador Malheiro, que foi eleito para a estrutura em 2016 com apoio da direcção de Passos Coelho contra uma outra lista que era apoiada pelo líder parlamentar Luís Montenegro. Salvador Malheiro, que é também presidente da câmara de Ovar, confirma a presença no almoço, mas recusa ser uma iniciativa de apoio a Rui Rio. “É um almoço de Natal entre amigos”, disse ao PÚBLICO o dirigente distrital. A mesma justificação foi dada pelo deputado Bruno Coimbra que diz ter sido convidado por um “amigo comum” do ex-autarca do Porto. Ao que o PÚBLICO apurou também esteve neste almoço o líder da distrital de Leiria, Rui Rocha.

Mas esta iniciativa em Anadia não foi única. Rui Rio participou num jantar de Natal, com centenas de sociais-democratas, no fim-de-semana passado, a convite da concelhia de Castelo de Paiva, e onde também esteve Salvador Malheiro, enquanto representante da distrital. Aqui, o dirigente admite que era um “encontro partidário”. Questionado sobre se estas iniciativas ferem a liderança de Passos Coelho, Salvador Malheiro rejeita a ideia e diz haver “uma cumplicidade muito grande com a direcção” do partido. “Não embarcamos em qualquer tipo de especulações”, afirmou. O PÚBLICO tentou contactar Rui Rio mas sem sucesso. 

Apesar de o partido já pensar num novo ciclo, as eleições autárquicas não foram tema na comissão política nacional do PSD de terça-feira – à excepção de uma divergência em Leiria – e nem a candidatura a Lisboa foi motivo de debate no Conselho Nacional do partido no mesmo dia. O calendário mantém-se e o prazo máximo para apresentação de candidaturas é Março de 2017, segundo um alto responsável do partido. Mesmo para Lisboa, depois de Pedro Santana Lopes ter dito que não se candidatava à câmara. Mas nas bases do partido somam-se as convenções autárquicas. A última aconteceu em Viseu no passado fim-de-semana e teve como convidado o antigo líder Luís Marques Mendes. Ao lado do líder da distrital, Pedro Alves, e do deputado António Leitão Amaro, eleito por Viseu, o comentador da SIC interveio antes do encerramento da convenção que coube a Pedro Passos Coelho. Horas mais tarde, Marques Mendes, no seu espaço de comentário, haveria de considerar como “humilhante” um eventual apoio do PSD a Assunção Cristas em Lisboa. O líder do PSD respondeu no dia seguinte, numa conferência do jornal digital Eco, lembrando que o partido perdeu a câmara de Lisboa no tempo da liderança de Marques Mendes.

Passos Coelho não deixou de acusar o toque a Marcelo Rebelo de Sousa sobre a liderança – “ainda bem que não é presidente do partido” - e teve resposta do Presidente da República. Dirigentes sociais-democratas ouvidos pelo PÚBLICO relatam que o líder do PSD tem-se mostrado mais assertivo nas últimas semanas em que tem feito muitos quilómetros para estar junto dos militantes. 

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