MPLA lança campanha eleitoral sem José Eduardo dos Santos
João Lourenço, vice-presidente do partido e sucessor não oficial do chefe de Estado, presidiu à cerimónia em Luanda. Eleições são em Agosto de 2017.
O partido no poder em Angola iniciou este sábado a sua campanha para as eleições gerais de Agosto de 2017, com a ausência de José Eduardo dos Santos a ser o facto marcante da cerimónia que assinalou os 60 anos do MPLA no estádio 11 de Novembro de Luanda. “O MPLA é o único partido capaz de governar e dirigir Angola”, afirmou o ministro da Defesa, e sucessor não oficial de Santos na presidência, João Lourenço.
“A vitória está nas nossas mãos”, disse ainda, pouco mais de uma semana depois da reunião do Comité Central do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), onde se soube que Santos o indicara como seu candidato à liderança do partido e, por inerência, à presidência. A notícia, confirmada por membros do partido ao jornal Rede Angola, não foi depois anunciada e a sucessão ficou por oficializar.
Se dúvidas houvesse, a imagem de João Lourenço, este sábado vestido de calças negras e com uma camisa vermelha realçada por uma echarpe dourada, as cores da bandeira angolana, sublinham a escolha. “O nosso partido tem a vantagem de já estar no poder. Temos tudo para ganhar as eleições. O MPLA é o único partido que avançou desde a independência. Para além do MPLA, não existe nenhum outro”, afirmou.
Desde o fim do regime de partido único, em 1991, Angola continuou nas mãos do MPLA, que já governava desde a independência de Portugal, em 1975.
“No seio do partido, nós sabemos quem será o sucessor do Presidente Santos e o candidato às eleições”, confirmou à AFP Joana Lima, vice-presidente do Parlamento e membro do Comité Central do MPLA, sem pronunciar o nome do escolhido. “Ainda não é o momento oportuno para o oficializar. O anúncio será feito dentro de dias.”
João Lourenço foi escolhido para vice-presidente do partido em Agosto, pelo Comité Central. Militar com prestígio nas Forças Armadas, foi o único ministro da Defesa a dispor de autonomia e protagonismo, substituindo até o Presidente em deslocações ao estrangeiro. Tido como discreto, é um homem que conhece bem o aparelho partidário e goza de uma boa aceitação no partido e no regime. Foi secretário-geral do MPLA e comissário político das antigas FAPLA (o exército do partido).
Angola não tem eleições presidenciais – o chefe de Estado é o líder do partido mais votado nas legislativas. Santos, de 74 anos, é Presidente há 37 anos. Em Março, no Congresso do MPLA, anunciara a intenção de abandonar a vida política em 2018, um ano sem eleições.
Sabe-se que está doente e que vem regularmente à Europa para tratamentos, mas o assunto é tabu; ou “um segredo de Polichinelo”, como descreve à AFP o especialista em Angola da Universidade de Genebra, Didier Péclard.