Parlamento Europeu exige suspensão das negociações com a Turquia
Resolução, sem carácter vinculativo, afirma que a reacção “desproporcionada” de Ancara à tentativa de golpe "atenta contra os valores democráticos fundamentais da UE".
O Parlamento Europeu aprovou por clara maioria uma resolução, sem carácter vinculativo, a exigir a suspensão temporária das negociações de adesão da Turquia à UE por causa da reacção “desproporcionada” de Ancara à tentativa de golpe de Estado de Julho.
O texto – que arrisca inflamar as já tensas relações entre a Turquia e a UE – foi aprovada com o apoio das bancadas do Partido Popular Europeu (PPE), dos socialistas, dos liberais e dos Verdes, num total de 479 votos a favor.
“As medidas repressivas tomadas pelo Governo turco no quadro do estado de emergência são desproporcionadas, atentam contra os direitos e liberdades fundamentais consagradas na Constituição turca e atentam contra os valores democráticos fundamentais da UE”, lê-se na resolução aprovada esta manhã.
Apesar do peso político, esta decisão pouco efeito terá nas negociações com a Turquia, iniciadas há já 11 anos, mas que pouco tem avançado desde então. Quer a maioria dos Estados-membros, quer a Comissão Europeia têm feito duras críticas às purgas ordenadas pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan – são já mais de 150 mil as pessoas detidas, suspensas ou investigadas –, mas entendem que o congelamento das negociações será prejudicial para as duas partes.
Lembram, a este propósito, o acordo celebrado no início deste ano com Ancara que permitiu reduzir o fluxo de refugiados que chegavam às ilhas gregas, a troco da promessa de aceleração das negociações de adesão.
Na quarta-feira, antecipando o voto do Parlamento Europeu, Erdogan tinha já repudiado a iniciativa do Parlamento Europeu, sublinhando que a resolução “não tem qualquer valor” para o seu Governo.