Museu Berardo vai deixar de ser gratuito

Preço dos bilhetes será definido pelo museu, mas renovação do protocolo com o Estado – um acordo que o Ministério da Cultura promete tornar público – assegura um dia gratuito por semana.

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O Museu Berardo vai passar a ter uma política de descontos semelhante à dos museus nacionais JOÃO SILVA

O Museu Berardo, um dos mais visitados do país, vai deixar de ter entradas gratuitas. O ministro da Cultura já o adiantara à TSF, a partir de Bruxelas, ao comentar a notícia avançada ontem pelo PÚBLICO de que tinha sido renovado o acordo entre o Estado e o empresário madeirense para manter o Museu Berardo por mais seis anos no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, e o seu gabinete confirmou-o: “Cobrar bilhete vai permitir ao museu dar resposta às suas despesas, às suas necessidades de funcionamento, sem depender tanto do financiamento dos parceiros institucionais.”

O museu vai passar a ser pago, continua fonte do gabinete do ministro da Cultura, “mas a definição do valor do bilhete será feita pela Fundação Berardo, que assume o compromisso de ter pelo menos um dia por semana gratuito”. Os esquemas de descontos – jovens, idosos, famílias – também deverão ser “semelhantes aos dos museus públicos”.

A assinatura das alterações ao protocolo, que renova um acordo de 2006, será feita hoje, às 10h, no CCB entre o ministro e Berardo. O Bloco de Esquerda – e vários curadores ouvidos pelo PÚBLICO – querem saber os termos do acordo agora alcançado e cujas negociações começaram antes do Verão. O gabinete do ministro da Cultura disse ao PÚBLICO que o seu conteúdo será divulgado esta quarta-feira.

A adenda ao protocolo entre o Estado e Joe Berardo garantirá que o apoio financeiro à actividade do museu passa a ser fixado de dois em dois anos, “para dar maior estabilidade à programação”. Este apoio, feito através de uma transferência do Fundo de Fomento Cultural, foi em 2016 de 2,1 milhões de euros, verba que se destina a cobrir os custos da programação, mas também com funcionários e seguros (outra fonte revelou ao PÚBLICO que a programação deste ano se fez com 500 mil euros). A este montante deve acrescentar-se, também, o que o próprio CCB gasta com o museu noutras áreas do funcionamento (manutenção instalações, energia, etc.) e que, segundo o seu presidente, Elísio Summavielle, ronda os 1,2 milhões de euros por ano.

Não se sabe ainda quanto deverá receber a fundação do Fundo de Fomento Cultural para o biénio 2017-2018 porque “esse valor só será conhecido depois de aprovado o Orçamento do Estado para o próximo ano”, acrescentou o gabinete de Castro Mendes.

Quanto ao fundo de aquisições que consta do acordo original de 2006, exigindo uma contribuição anual de Berardo e do Estado (500 mil euros) para a compra de novas obras, e que funcionou apenas durante dois anos, deixa de existir: “O protocolo inicial previa a sua extinção em 2015 e, por isso, não se trata de uma alteração ao inicialmente acordado, trata-se de respeitar o que estava acordado.” E isto significa que a colecção deixará de crescer? “Não necessariamente – pode crescer com recurso a outras receitas.” Com Isabel Salema

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