Disponibilidade de Rio para disputar liderança vista como natural no PSD
Líder da distrital de Lisboa diz que é "natural" porque o partido "é livre".
Reagindo à disponibilidade manifestada por Rui Rio para disputar a liderança do partido em 2018, a vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque disse nesta quinta-feira que qualquer militante pode concorrer à liderança do partido. Mas escusou-se a comentar em concreto a posição do ex-presidente da Câmara do Porto. “Qualquer militante é sempre livre de avançar para a liderança do partido, faz parte das regras. Qualquer militante pode fazê-lo. Mas não quero comentar esse caso em particular”, vincou apenas a social-democrata e ex-ministra das Finanças, em declarações à Lusa e TSF, à margem de uma conferência em Lisboa.
Foi também sem sobressalto que o líder do PSD-Lisboa e vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, reagiu à disponibilidade de Rio. “É natural. O PSD é um partido livre onde as pessoas podem dizer as suas opiniões e Rui Rio disse a opinião dele”, afirmou ao PÚBLICO
Rio admitiu a hipótese de vir a protagonizar uma candidatura alternativa a Passos Coelho, caso tenha apoios “convictos” e se as outras alternativas não forem “suficientemente credíveis e robustas para servirem o PSD e o país”.
Nas últimas semanas, o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto teve contactos com alguns líderes das distritais do PSD, mas mostrou-se cauteloso sobre uma eventual e futura candidatura à liderança do partido.
O PSD só tem eleições para a presidência do partido e congresso em Março de 2018, após as eleições autárquicas de Outubro de 2017. Como o PÚBLICO noticiou no passado dia 29 de Outubro, os dirigentes sociais-democratas contactados por Rui Rio mostram algumas reticências sobre o perfil do antigo autarca do Porto para suceder a Passos Coelho à frente do PSD. Algumas dessas reservas têm a ver com um desencontro geracional entre Rui Rio, que tem 59 anos, e alguns dos líderes das distritais que são mais novos (em certos casos até do que o actual presidente) e que, na sucessão a Passos Coelho, esperam renovação na direcção do partido.
Na entrevista ao DN, Rui Rio aponta ainda como condições para avançar se houver “espaço” para adoptar o “fundamental” das suas ideias – “que tendem a ser um pouco disruptivas relativamente à política na forma mais tradicional”, da sua “maneira de ser”, e se sentir que tem “os inimigos políticos correctos”.
A disponibilidade de Rui Rio para disputar a liderança do PSD foi relativizada pelos sociais-democratas ouvidos pelo PÚBLICO, mas quase ninguém quis assumir uma posição pública sobre o assunto. Nem contra, nem a favor. Nem por parte dos apoiantes de Passos Coelho, nem pelos críticos.
O líder da distrital do PSD/Lisboa, Miguel Pinto Luz, considerou “natural” a declaração do ex-autarca. “O PSD é um partido livre onde as pessoas podem dizer as suas opiniões e Rui Rio disse a dele”, afirmou o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais. Outros dirigentes optaram pelo silêncio, mas a mensagem que deixam é no sentido da necessidade de uma renovação na sucessão de Passos Coelho. Há quem lembre que Rui Rio foi vice-presidente de Manuela Ferreira Leite, uma liderança que perdeu as eleições legislativas de 2009, e que por isso uma candidatura do antigo autarca representa um regresso ao passado.
Outros sociais-democratas apontam como aspecto negativo as sucessivas hesitações de Rio sobre as oportunidades de se candidatar a cargos nacionais do partido e no país. Na entrevista ao Diário de Notícias desta quinta-feira, Rui Rio admitiu a possibilidade de vir a protagonizar uma candidatura alternativa à de Passos Coelho em 2018, mas colocou algumas condições para tomar essa decisão. E uma delas é precisamente a de perceber se terá “apoios convictos”. Houve quem interpretasse esta declaração como um apelo a uma vaga de fundo que, neste momento, não parece surgir no PSD.
Nas últimas semanas, o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto manteve contactos com alguns líderes das distritais do PSD, mas mostrou-se cauteloso sobre uma eventual e futura candidatura à liderança do partido. A entrevista ao DN é vista como uma forma de marcar terreno para o day-after das eleições autárquicas que serão muito difíceis para o PSD. A meta estabelecida por Pedro Passos Coelho foi a de ganhar mais câmaras do que o PS, o que exige conquistar mais 40 municípios sem perder nenhum dos controlados agora pelo PSD. Tarefa que, neste momento, é quase uma missão impossível.
Como o PÚBLICO noticiou no passado dia 29 de Outubro, os dirigentes sociais-democratas abordados por Rui Rio mostraram algumas reticências sobre o perfil do antigo autarca do Porto para suceder a Passos Coelho à frente do PSD. Algumas dessas reservas têm a ver com formas diferentes de fazer política resultantes de um desencontro geracional entre Rui Rio, que tem 59 anos, e alguns dos líderes das distritais que são mais novos. Em certos casos, os dirigentes são mais novos até do que o actual presidente do PSD, que tem 52 anos, e que, na sucessão a Passos Coelho, esperam renovação na direcção do partido.
As figuras que têm vindo a público fazer algumas críticas à liderança de Passos Coelho ou a propor movimentos internos de reflexão no PSD pertencem à geração sub-45: Pedro Duarte tem 43 anos, e Pedro Rodrigues tem 39 anos. Ambos foram líderes da JSD.
Na entrevista ao DN, Rui Rio aponta ainda como condições para avançar se houver “espaço” para adoptar o “fundamental” das suas ideias – “que tendem a ser um pouco disruptivas relativamente à política na forma mais tradicional”, da sua “maneira de ser”, e se sentir que tem “os inimigos políticos correctos”. Estas declarações, segundo um dirigente social-democrata contactado pelo PÚBLICO, mostram só por si que “a forma de fazer política que Rio representa está ultrapassada”. Uma posição que não apaga o desconforto que há no partido sobre a forma como Passos Coelho está a fazer oposição ao Governo. O congresso ordinário e electivo do PSD só está marcado para 2018.
Notícia alterada: acrescentado o primeiro parágrafo