O que fazem seis empresas para reduzir o seu impacto ambiental?
Dos transportes, à produção de energia e óleos vegetais, passando pela defesa do consumidor, o PÚBLICO perguntou a seis entidades como olham para esta fase de negociações contra as alterações climáticas e o que fazem para reduzir a sua pegada ecológica e contribuição para sensibilizar consumidores.
EDP
Com o compromisso de Paris “estão reunidas as condições mínimas” para criar os mecanismos para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, seja a nível político (“enquadramentos regulatórios estáveis, fixação de um preço justo para o CO2, fim dos subsídios aos combustíveis fósseis”), seja empresarial (“novos modelos de negócio, de inovação tecnológica e de financiamento”), sublinha fonte oficial da EDP. A expectativa é que a COP22 “consolide algumas das linhas de acção” de Paris. Há um ano, a EDP definiu um conjunto de compromissos para 2020, dos quais destaca “o reforço da capacidade de produção limpa em mais de 400MW, nos últimos nove meses”. As renováveis representam 72% do mix de produção e nelas a empresa pretende investir mil milhões/ano até ao final da década. Além disso, a EDP (que tem como meta “chegar a 2030 com menos 75% de emissões específicas de CO2”) reserva outros 40 milhões/ano para projectos de desenvolvimento de novas soluções de energias limpas. Na eficiência energética, a EDP garante ter poupado 154 GWh aos clientes desde 2015.
Galp
A COP 22 é “um marco importante na transição para uma economia de baixo carbono, imperativo global em que o sector energético tem papel fundamental”, diz a Galp. A empresa diz ter “consciência do impacto” da sua actividade e investe “consideravelmente na modernização tecnológica, eficiência energética e performance ambiental” dos seus activos. Frisando que “as alterações climáticas são o desafio mais complexo” da humanidade neste século, a petrolífera defende “uma estratégia global” para redução das emissões de carbono “baseada em mecanismos de mercado e em políticas tecnológica e fiscalmente neutras” que garantam a sustentabilidade do sistema energético. Nos últimos três anos a Galp investiu 70 milhões em protecção ambiental nas refinarias e produziu 17kt de biodiesel, reduzindo em 83% as emissões associadas à utilização de gasóleo mineral. Além de desenvolver medidas como o “apoio à reflorestação da Amazónia”, a Galp tem “o maior programa nacional de bolsas de estudo em eficiência energética” e implementa programas que permitem aos clientes “reduzir entre 9% e 12% os consumos de energia primária e em 15% as emissões” poluentes.
TAP
Apesar de o acordo de Paris não abranger as emissões de CO2 provenientes do transporte aéreo internacional, “ajudou a impulsionar um importante acordo”, alcançado em Outubro, na International Civil Aviation Organization (ICAO), a entidade que regula o sector da aviação civil, sublinhou fonte oficial da TAP. Através dele “mais de 80% do crescimento nas emissões de CO2 do sector da aviação serão compensadas”, assegura a empresa. A TAP garante que está “empenhada na melhoria de eficiência energética em todos os domínios de actividade, seja transporte aéreo ou operações de suporte em terra”. Além da nova frota (A330neo e A320neo) que irá receber no final de 2017, a companhia iniciou “um programa de modernização e modificação da frota em operação” que irá traduzir-se em “ganhos de eficiência energética significativos”. Neste programa, destaca a instalação de tecnologia sharklet em aviões da família A320, que permitirá melhorar a aerodinâmica e reduzir os consumos de combustível “em cerca de 4%, prolongando também a vida operacional dos aviões em 36 mil horas de voo”.
STCP
O encontro de Marraquexe “é de extraordinária importância para o sector de transportes” que produz cerca de um quarto das emissões poluentes a nível mundial, diz o administrador executivo da STCP, Tiago Braga. O gestor espera ver definidos os “mecanismos operacionais, as suas bases e os respectivos indicadores”, para que as novas e “ambiciosas metas de redução” sejam atingidas no calendário previsto. Aqui, Tiago Braga destaca “o reforço no investimento em combustíveis alternativos”. A STCP, alinhada com as orientações do Ministério do Ambiente, “tem vindo a preparar um processo de renovação da frota” que visa limitar em dois anos “a percentagem de veículos a Diesel a 10%”, através de uma aposta no gás natural, mas também na mobilidade eléctrica”. Sobre a mobilidade eléctrica, o gestor destaca ainda que “o processo de concurso que a STCP lançará até ao final do ano” pretende assegurar a operação de uma linha comercial “apenas com veículos eléctricos”, o que será “um marco histórico” em Portugal.
Sovena
A Sovena, que produz azeite, óleos vegetais e biodiesel, acolhe “com o máximo interesse todas as iniciativas que visem defender a sustentabilidade, pois sempre assumiu a integração da sustentabilidade dentro do Grupo e da sua cadeia de valor”, diz fonte oficial. A missão da empresa é “levar o azeite a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo de forma sustentável, preservando o ambiente e criando valor”. Uma das prioridades é “integrar a sustentabilidade dentro da Sovena e sua cadeia de valor” de modo a que a sustentabilidade esteja sempre contemplada dentro de qualquer actividade, como por exemplo “nas certificações de qualidade, na segurança alimentar, no processos produtivos, nas práticas agrícolas e, inclusivamente, na inovação e desenvolvimento de novos produtos”. Outra das estratégias passa por melhorar a coeficiência da companhia através de uma melhoria na gestão de resíduos e subprodutos”. A promoção da sustentabilidade é visível ainda na promoção da saúde e nutrição, tendo em conta os produtos que a empresa produz e o seu impacto na saúde dos consumidores.
Deco
O acordo de Paris e a COP22 dão “um claro sinal aos consumidores sobre a importância e a urgência do combate às alterações climáticas e a necessidade de todos assumirem este compromisso”, frisa a Deco. “Durante décadas viveram-se grandes impasses, o que desmotivava os consumidores para a necessária mudança dos seus comportamentos de consumo individuais”, diz a associação, frisando que a sociedade civil não reconhecia nos governantes o “esforço e necessidade de mudança”. A Deco diz que tem vindo a desenvolver “inúmeras acções para informar, sensibilizar e estimular os consumidores para a adopção de comportamentos mais sustentáveis”, no âmbito da preservação dos recursos e redução dos resíduos. Destaca as acções informativas junto das escolas e dos “consumidores mais vulneráveis” para o uso eficiente da energia e da água. Com a campanha Energia Fantasma, em 2015, realizou 444 acções informativas para a comunidade e 485 acções informativas para as escolas, “num contacto directo com mais de 30 mil consumidores”, exemplifica a Deco.