A importância da Florida nas presidenciais dos EUA

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Al Gore em campanha em 2000, com Hillary e Bill Clinton ao fundo, a apoiar a sua candidatura Larry Downing/REUTERS

Estado oscilante

A Florida é crucial para os dois candidatos, pois é um “estado oscilante”, que tanto pode dar a vitória a um como ao outro. Nas sondagens estaduais, quer Donald Trump quer Hillary Clinton lideram inquéritos sectoriais: o republicano vai à frente entre os homens por 48/36, a democrata conquista as mulheres 48/35.

Quem ganha, arrecada

Este estado de 12 milhões de eleitores registados assume quase sempre um papel de protagonista na definição do vencedor, pois não divide os seus grandes eleitores — quem ganha, arrecada todos os 29 grandes eleitores que lhe cabem. O Colégio Eleitoral que elege o Presidente é composto por 538 membros, para vencer são precisos 270. Só a Califórnia (55) e o Texas (38) elegem mais grandes eleitores; Nova Iorque elege também 29.

Gastos com anúncios

A importância de uma vitória aqui levou a campanha de Clinton a investir forte em anúncios de rádio e televisão — gastou 36,6 milhões de dólares (40 milhões de euros); Trump gastou 700 mil dólares. No total, e no fim da campanha, Clinton terá gasto 143 milhões de dólares em anúncios e Trump 6,8 milhões. Nos outros dois estados considerados cruciais (por serem oscilantes), Clinton gastou 20,9 milhões contra 1,8 de Trump (Ohio) e 18,8 milhões contra 1,5 (Pensilvânia). 

Al Gore

De tal forma a Florida é importante que foi aqui que aconteceu o que parecia impossível — a reconciliação entre Hillary Clinton e Al Gore. Os dois desentenderam-se durante as Administrações de Bill Clinton, quando Gore, que era vice-presidente, tentou impor as alterações climáticas como prioridade do Governo e a então primeira-dama desvalorizou esta agenda a favor da Saúde. Na actual campanha, a democrata só começou a falar do clima depois de ser derrotada por Bernie Sanders nas primárias em New Hampshire. Há duas semanas, Gore participou num comício de Clinton na Florida, o estado que o derrotou nas presidenciais de 2000, eleições que lhe deixaram outro amargo de boca em relação aos Clinton, pois foi prejudicado com o processo de destituição a Bill na sequência do escândalo Monica Lewinsky. Mas em última análise, Gore perdeu porque nem todos os votos contaram — usaram-se cartões perfuráveis como boletins de voto e, na recontagem, as autoridades do estado excluíram os cartões que estavam furados mas cujo papelinho ficou pendurado (os famosos hanging chads). Ganhou a Casa Branca o republicano George W. Bush (irmão do então governador da Florida, Jeb Bush), e Gore aceitou agora ir à Florida dizer que é preciso que todos os democratas votem no dia 8 de Novembro. “O vosso voto conta mesmo, mesmo, mesmo”, disse. “E eu sou a prova disso”.

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