Bélgica tem até segunda para dar aval a acordo comercial com o Canadá
Se isso não acontecer, Tusk e o primeiro-ministro Justin Trudeau vão cancelar cimeira de quinta-feira, em que o acordo deveria ser assinado.
A Bélgica tem até ao final de segunda-feira para conseguir luz verde do parlamento regional da Valónia para o acordo de comércio livre com o Canadá . Se isso não acontecer, será cancelada a cimeira para a assinatura do documento, na próxima quinta-feira.
Uma fonte comunitária adiantou à agência Reuters que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, vai falar ao final da tarde com o primeiro-ministro belga, Charles Michel, para que este lhe comunique a posição final do país – uma decisão que está dependente do levantamento do bloqueio mantido pela região francófona ao acordo comercial, que tem já o aval dos restantes 27 Estados-membros da UE.
Uma fonte comunitária adiantou à AFP que o líder europeu telefonará depois ao primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, para decidirem em conjunto se há, ou não, condições para a vinda deste a Bruxelas a fim de assinar o texto. “Se a Bélgica não estiver em posição de dizer se pode garantir que vai assinar [o acordo] é muito claro para Tusk que não fará sentido realizar a cimeira. Não haverá cimeira, nem uma data fixada para nova cimeira”.
A UE esperava ter saído da cimeira da última semana com o acordo de todos os países para a assinatura de um tratado que a Comissão Europeia negociou durante sete anos e que seria o primeiro entre os Vinte e Oito e um país do G7. Mas os socialistas valões, em maioria no parlamento regional, insistem que o acordo, apesar das alterações e precisões introduzidas numa declaração anexa, continua a ser prejudicial para os agricultores europeus, abre brechas que põem em causa a legislação europeia de trabalho e de direitos dos consumidores, dando também demasiado poder às multinacionais nos diferendos com os Estados.
Já depois do fim da cimeira, continuam os contactos multilaterais entre o Canadá, as instituições europeias e o governo valão, mas até agora sem sucesso. Neste domingo, a comissária europeia para os assuntos sociais disse “esperar verdadeiramente” que o acordo possa ser assinado nos próximos dias, afirmando que um fracasso “seria mau para a imagem europeia, para a imagem da Bélgica, mas também para a simpatia que as pessoas têm pela Valónia”. Mas Elio Di Rupo, o líder dos socialistas francófonos belgas, afirmou na televisão pública não acreditar que tal seja possível.