O líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, fez um apelo à consciência dos deputados sociais-democratas para votarem em António Correia de Campos para presidir ao Conselho Económico e Social (CES). Foi um esforço da direcção da bancada para evitar um novo chumbo ao ex-ministro socialista como aconteceu em Julho passado. Já a bancada do CDS tem a ganhar se votar a favor do nome escolhido entre o PSD e o PS: é que também tem de eleger um deputado seu para secretário da mesa da Assembleia da República.

Na reunião da bancada do PSD, que decorreu à porta fechada, Luís Montenegro lembrou aos deputados que a indicação por parte do PS de Correia de Campos para o CES faz parte de um acordo com outras componentes. O compromisso assumido foi o de permitir que o PSD indique o candidato a Provedor de Justiça, quando o mandato do actual terminar.

O líder da bancada social-democrata apelou por isso à responsabilidade dos deputados, sublinhando que o que conta é o perfil do candidato e não os gostos pessoais de cada um. No final da reunião, Luís Montenegro reiterou o apoio total do PSD ao candidato. Sociais-democratas contactados pelo PÚBLICO acreditam que nesta segunda volta – marcada para o próximo 14 – o ex-ministro socialista conseguirá os votos necessários para a sua eleição. Mas a questão continua em aberto já que o voto é secreto.

Por outro lado, a bancada do PCP ainda não garantiu o voto em Correia de Campos e transmitiu ao PÚBLICO que está a ponderar a decisão a tomar. Pelo CDS, também não há um total de votos garantido. A questão só será discutida na reunião do grupo parlamentar da próxima semana, mas os centristas sabem que também precisam dos votos dos socialistas para eleger o substituto do ex-deputado Abel Baptista (que renunciou ao mandato) na mesa da Assembleia da República. O candidato é o antigo secretário-geral do CDS, António Carlos Monteiro, que também será sujeito a votação no dia 14. Essa eleição pode levar a que haja uma orientação reforçada para votar a favor de Correia de Campos.

Aumentar

Em Julho passado, o ex-ministro da Saúde de José Sócrates falhou a eleição, tendo conseguido apenas 105 votos dos 147 que precisava. Sociais-democratas justificaram terem votado em branco ou inutilizado o boletim com a quebra das tradições no Parlamento por parte do PS ao terem elegido um presidente da Assembleia da República quando o PSD era o maior grupo parlamentar. As duas bancadas – cujos votos são necessários para a eleição – envolveram-se numa troca de acusações sobre as responsabilidades pelo chumbo. Agora, Correia de Campos sujeita-se a novo teste.