New York Times

“Uma excelente escolha”

Nos EUA, António Guterres é visto como “uma excelente escolha”. “Tem experiência, energia e o requinte diplomático” exigido ao cargo para o qual é eleito. A sua opção por “soluções com compaixão” poderá persuadir governos a aceitar refugiados, antevê o jornal norte-americano, que elogia o trabalho do antigo governante em Portugal e nas Nações Unidas. Num artigo que intitula “uma nova voz para um mundo complicado”, o New York Times lembra que a exigência para manter a paz em zonas de conflito “é maior do que nunca”.

The Washington Post 

O veterano político católico

O jornal norte-americano destaca Guterres como um “veterano da política” e recupera uma entrevista do antigo líder socialista à Associated Press onde Guterres afirma que foi uma parábola no Novo Testamento que o inspirou a candidatar-se a secretário-geral da ONU. “Acredito que se alguém recebe várias dádivas na vida tem a responsabilidade de as retribuir, certo? E de as multiplicar”, cita o jornal.

O jornal assinala que a vitória de Guterres foi recebida como “uma desilusão” na Europa de Leste, que “apontou vários candidatos, mas nunca se uniu em torno de um só” e lembra que era esperado um veto da Rússia.

O jornal recorda ainda que “assim que foi eleito líder do PS, António Guterres acrescentou uma rosa vermelha ao símbolo do partido”, num “rebranding político” que contribuiu para a sua imagem gentil e afável.

Wall Street Journal

De mau gestor a líder diplomata

Apesar de ser visto como o “candidato favorito dos EUA e do Conselho de Segurança europeu”, o jornal económico norte-americano viu a rápida nomeação de Guterres como uma “surpresa – afinal, em Setembro o jornal escrevia que o político português tinha gerido mal a ACNUR e declarava apoio ao candidato sérvio Vuk Jeremic. Nas reacções recolhidas pela correspondente do jornal em Lisboa, é citado o actual primeiro-ministro, António Costa. No mesmo texto, o jornal descreve como a notícia foi recebida num café pelos portugueses: “Felizes por as notícias internacionais sobre Portugal não serem apenas sobre a condição financeira precária do país.”

Vox

O charme de Guterres

Com um breve resumo do seu percurso até ao cargo de líder diplomata mundial, “derrotando facilmente” a concorrência, a Vox concentra-se em explicar quem é Guterres. Começando na chegada ao PS, salta para a eleição enquanto primeiro-ministro e elogia o seu papel na diminuição do consumo de drogas, como uma “medida sem precedentes na descriminalização do consumo de todas as drogas”.  

A sua reputação é elogiada e respeitada, “mesmo entre os seus adversários políticos, membros do Partido Social-Democrata”, sustenta.

Numa antevisão das tarefas à frente da ONU, a Vox escreve que “não é claro se Guterres, independentemente do quão charmoso e convincente possa ser, conseguirá persuadir alguém a agir de forma diferente”. Uma condição inerente ao “trabalho mais impossível do mundo”, interpreta um professor norte-americano, citado no artigo.

BBC

Quem é ele?

A BBC pergunta “quem é António Guterres”, para depois escrever que, à excepção de Portugal, “pouco se conhece sobre o homem que se irá tornar o próximo líder diplomata mundial em Janeiro”. A estação de televisão traça um percurso do antigo primeiro-ministro socialista, assinalando a sua entrada no PS em 1974, “no mesmo ano em que terminaram cinco décadas de ditadura em Portugal para se tornar político a tempo inteiro”. O canal britânico cita vários diplomatas e destaca ainda que durante o seu mandato como alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados “apelou repetidamente aos países do Ocidente para fazerem mais para ajudarem refugiados que fogem de conflitos”.

The Guardian

“Uma rara demonstração de união”

Uma decisão “surpreendentemente rápida” numa “rara demonstração de união” dos 15 países do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É assim que o jornal britânico anuncia a nomeação de Guterres,falando de um “fim abrupto da corrida para a liderança da ONU” que “representou uma surpresa”, quando vários especialistas consideravam que o processo de selecção terminaria apenas no final de Outubro. O nomeado português “apelou persistentemente à consciência da comunidade internacional para a resolução da pior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial”, escreve o jornal britânico.

El País

“Um fracasso para Merkel”

O jornal espanhol começa por anunciar que “o político português António Guterres tem o caminho livre” e que a campanha para que uma mulher liderasse a ONU pela primeira vez em 71 anos na história da organização “fracassou”. O jornal espanhol elogia a clareza da eleição e defende que “este foi o processo de selecção da ONU mais transparente até agora”. O jornal afirma ainda que a eleição de António Guterres “é um fracasso para Merkel”, uma vez que a chanceler alemã tinha declarado o apoio à candidata búlgara Kristalina Georgieva.  

El Monde

Carismático, humilde, humano… e francófono

Já em França, o Le Monde elogia o facto de Guterres ser francófono, uma habitual exigência para não vetar um candidato no processo de selecção do Conselho de Segurança e a sua “capacidade de adaptação”. Traçando um perfil ao português, o jornal francês sublinha o seu papel na “defesa dos direitos humanos”, como um homem “carismático, humilde, humano, trabalhador feroz e metódico”.

Folha de São Paulo

Um eleito “fora do comum”

Depois de ter escrito que a ONU escolheu “um candidato fora do comum”, no Brasil, a imprensa recorda o papel do governante português “para resolver a chamada ‘crise dos dentistas, quando a grande quantidade de profissionais de odontologia do Brasil gerou uma onda de retaliações entre portugueses em meados do anos 90” e lembra a suas várias visitas ao país.

Der Spiegel

A imprensa alemã é mais controlada na cobertura. O site da revista alemã Der Spiegel traça um curto currículo de Guterres em Portugal e refere a sua nomeação para líder do alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados em 2005.

24 Tchassa

Durante a manhã de quarta-feira, a notícia da eleição de Guterres era o artigo mais lido no site de notícias búlgaro, lamentando o resultado para as duas candidatas búlgaras.

liliana.borges@publico.pt