Bokova não vê razões para desistir

A búlgara socialista, candidata a secretária-geral das Nações Unidas, foi trocada pela compatriota de centro-direita Kristalina Georgieva.

Foto
Irina Bokova a ser ouvida na sede da ONU em Nova Iorque © Eduardo Munoz / Reuters

“Não vejo razões para desistir. Nenhum dos outros candidatos, nem mesmo os que têm piores resultados, estão a fazê-lo, porque a corrida continua.” Foi assim que Irina Bokova, a candidata búlgara a secretária-geral das Nações Unidas (ONU), reagiu na terça-feira, em entrevista ao jornal búlgaro 24 Chasa, antes mesmo de saber da decisão do Governo do seu país de apoiar a sua compatriota Kristalina Georgieva.

Bokova, citada pela Novinite, a agência de notícias búlgara, nesta quarta-feira, considera “indigno” que lhe seja pedido para abandonar a corrida ao cargo e acrescenta que com uma segunda candidata do mesmo país a “Bulgária será motivo de chacota”.

O primeiro-ministro búlgaro, de centro-direita, anunciou que apoia a comissária europeia Kristalina Georgieva. Esta decisão “não tem precedentes na história destas eleições”, avalia Bokova, directora-geral da UNESCO.

Ao contrário da candidatura de António Guterres, assumida como de Portugal, com o apoio dos órgãos de soberania e o consenso de todas as forças políticas portuguesas, na Bulgária houve, desde o início, divisões entre o Governo e o Presidente da República sobre o perfil e a indicação do nome da candidata. Irina Bukova não era o único nome sobre a mesa. Há meses, que se falava da possibilidade da candidatura da comissária europeia Kristalina Georgieva, que teve a responsabilidade em Bruxelas do Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, com José Manuel Durão Barroso como presidente da Comissão, e que com Jean-Claude Juncker tem a tutela do Orçamento e Recursos Naturais.

Segundo a candidata escolhida pelos socialistas búlgaros, a corrida ainda não terminou e uma “séria batalha ainda está por vir”. As cinco rondas de votações – de todas o candidato português António Guterres saiu vencedor – são preliminares, aponta.

Na última ronda, Bokova foi apoiada por seis países, sete votaram contra e dois abstiveram-se. No início, a búlgara estava em terceiro e foi a mulher mais votada. “Acredito que continuo a ser uma série candidata ao cargo, mas parece que o sucesso do início da minha candidatura não foi do agrado de certos círculos dentro e fora da Bulgária. Ao verem que poderia ter a oportunidade de ganhar, lançaram uma campanha negativa contra mim”, acusa.

“Infelizmente, sou a única candidata que está a ser confrontada com uma campanha histérica e caluniadora no seu próprio país”, lamenta. Apesar das críticas, Irina Bokova esperava, na terça-feira, uma “sóbria avaliação política e um apoio político honesto por parte do Governo e das instituições búlgaras”.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários