Leonard Cohen lança novo disco no Outono

Chama-se You Want it Darker e não fugirá ao que já nos habituou o canadiano de 81 anos – canções que falam da vida, nas suas pequenas e grandes tragédias, numa voz grave, quente, inconfundível.

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Leonard Cohen num concerto no Pavilhão Atlântico, Lisboa, em 2012 Nuno Ferreira Santos

Com o Outono chegará um novo disco. A notícia foi avançada pela Columbia Records, a discográfica de Leonard Cohen, o cantor canadiano que muitos se habituaram a ouvir em álbuns como Death of a Ladies’ Man (1977) e I’m Your Man (1988). Segundo a agência de notícias francesa AFP, You Want it Darker mantém-se fiel ao universo e ao estilo deste intérprete que chegou tarde à música (aos 30 anos), mas que nela se instalou com toda a sua singularidade.

Também poeta e ficcionista, Cohen, 81 anos, mantém-se em grande actividade. O seu último álbum de estúdio, Popular Problems, saiu em 2014 e nele o cantor escrevia sobre a religião e a guerra, mas também sobre o peso da idade, com uma boa dose de humor. O sucessor, You Want it Darker, deverá chegar às lojas depois de 21 de Setembro, data de mais um aniversário do intérprete de voz rouca e inconfundível (a Columbia Records optou por não divulgar o dia exacto em que passará a estar disponível). Pelo meio, em Maio do ano passado, ficou Cant’t Forget: A Souvenir of the Grand Tour, que tinha apenas dois temas originais, lembra o diário francês Le Figaro.

Para já o que se sabe é que o novo álbum do intérprete de Hallelujah e So long, Marianne terá apenas oito canções, com uma delas a repetir-se, Treaty. Será um disco breve, como os dois anteriores, algo que não incomoda o seu autor, escreve o diário espanhol El País. Cohen compara-os aos LP da country, que muitas vezes não chegavam a ter meia hora de duração.

As canções de You Want it Darker foram, de início, cozinhadas no seu estúdio caseiro e são temas frescos, novos, nada que estivesse fechado há anos num baú de inéditos ou de temas que nunca foram oficialmente gravados. Enquanto não as ouvimos, é possível imaginar do que tratarão a partir de títulos como Leaving the Table, If I Didn’t Have Your Love ou It Seemed the Better Way. E como soarão na voz grave de Cohen, que há bem pouco tempo se despedia de uma das suas musas, a norueguesa Marianne Ihlen, a quem dedicou os versos de So Long, Marianne: “Come over to the window, my little darling,/ I'd like to try to read your palm./ I used to think I was some/ kind of Gypsy boy/ before I let you take me home.”

Numa carta que dirigiu à “sua” Marianne, prestes a morrer com uma leucemia fulminante, o canadiano aludia ao que para ele tinham significado os tempos que passaram juntos e falava da proximidade da sua própria morte: "Encontrar-te-ei pelo caminho", escreveu, em jeito de promessa.

You Want it Darker deverá dar origem, como é habitual, a concertos e digressões. Recorde-se que Leonard Cohen, que anunciara a sua retirada dos palcos na década de 1990, foi obrigado a regressar quando em 2004 descobriu que estava arruinado, depois de a sua agente, Kelley Lynch, ter feito desparecer milhões de dólares das suas contas e de ter celebrado um contrato ruinoso com a Sony em que vendia por tuta e meia os direitos de futuras gravações discográficas do mítico intérprete canadiano, lembra o diário El País.

Cohen levou Lynch a tribunal e ganhou, mas nunca mais recuperou o património que perdera. Hoje não faz segredo do motivo que o leva a compor e a dar concertos – precisa de dinheiro. You Want it Darker render-lhe-á mais algum.

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