Uma recuperação sólida da natalidade?
O pesadelo dos anos 2012 a 2014 afasta-se: há mais bebés a nascer e quem “arrisque” um terceiro filho.
Estão a nascer mais bebés em todo o país, em 2016 tal como em 2015. Mesmo em regiões mais envelhecidas ou desertificadas, como Trás-os-Montes ou o Alentejo. Não são números eufóricos, nem se pode garantir que configurem uma tendência, mas dão pelo menos a ideia de que há uma reversão nos dados alarmantes dos anos anteriores. Em Julho de 2014, num inquérito à população em idade fértil, só cerca de 20% dos inquiridos pensavam ter filhos nos três anos seguintes ao inquérito, contra cerca de 20% que não contavam ter filhos nesse período e 53% que não queriam mais filhos. Tudo isso somado, contra uma minoria (de 8%) que não tinha nem queria ter filhos, a maioria dos inquiridos adiava essa decisão e com a ideia de não passar do filho único. Nesse ano, o Eurostat colocava Portugal na cauda da Europa nos índices de natalidade: de 9,4 nascimentos por cada mil habitantes em 2010, o país passara a 8,5 em 2012 e a 7,9 em 2013. No ano seguinte, 2014, este índice estabilizou (7,9), mas em 2015 deu um salto para 8,3 nascimentos por cada mil habitantes. Em 2016, no primeiro semestre, houve um aumento de 5% face ao mesmo período do ano anterior e, se tal tendência se mantiver, os resultados finais serão ainda melhores, com dois anos consecutivos de crescimento.
Mesmo assim, é preciso conter a euforia. Ainda estamos longe dos 100 mil bebés/ano, que é a mais recente média europeia registada. Aliás, estamos praticamente no fim da lista, situados entre a Itália (o país em último lugar, com 8) e a Grécia (com 8,5). Mas a simples inversão de uma queda que chegou a parecer irreversível é motivo de regozijo. Se há três anos a maioria dos casais se ficava por um só filho, agora há cada vez mais casais a “arriscar” não um segundo mas um terceiro filho. Como fundamentos para tal decisão, há quem fale em valorização da criança e da família e quem argumente com uma maior confiança no futuro. Seja como for, há um pesadelo em desaparecimento.