Presidente da Associação Bioética quer profissionais de saúde nas escolas
Rui Nunes insiste na necessidade de se realizarem rastreios auditivos, visuais e orais em contexto escolar.
O presidente da Associação Portuguesa de Bioética e professor da Faculdade de Medicina do Porto, Rui Nunes, defendeu esta sexta-feira a necessidade de criar condições para a existência de pelo menos um profissional de saúde nas escolas.
"Cada escola será uma escola, mas provavelmente haverá a necessidade de um ou, porventura, mais do que um profissional de saúde dentro dos estabelecimentos ou no agrupamento. Enfim, será uma questão organizativa, mas obviamente tem de haver profissionais para as questões da saúde escolar", disse Rui Nunes.
O especialista em Bioética falava à Lusa a propósito da sua participação num seminário sobre Carreiras Especiais para os Não Docentes, que esta sexta-feira se realiza no auditório da Escola Secundária da Lixa.
Rui Nunes considera que é essencial dar "novos passos para a modernidade", insistindo na necessidade de, por exemplo, se realizarem rastreios auditivos, visuais e orais.
"É impressionante o número de crianças que ouve mal e nós, sociedade, não temos a noção de que isso acontece. Refiro-me ao rastreio de situações que muitas vezes estão latentes e que passam despercebidas, ao nível da audição, visão, locomoção ou problemas respiratórios, entre outros", sublinhou.
Na sua intervenção, Rui Nunes irá também dar "um especial enfoque" à necessidade de acolher e integrar as crianças e jovens estudantes com necessidade educativas especiais, com surdez profunda, com autismo ou outros problemas.
"Defendo a ideia de que a escola tem de ser inclusiva, mas para ser inclusiva obviamente têm de existir os profissionais adequados e há um custo social que, obviamente, tem de ser alocado a esta escolha", disse.
Contudo - sublinhou -, "a minha experiência noutros domínios diz-me que, muitas vezes, não são precisos mais recursos materiais, é uma questão de melhor gestão, melhor distribuição e melhores escolas. Se calhar, com os mesmos recursos podemos fazer mais".
"Desde logo porque, neste caso, infelizmente, temos uma demografia que ajuda. Ao contrário da saúde, em que a procura é cada vez maior, nas escolas há menos jovens, logo é teoricamente mais fácil resolver os problemas", frisou.
Segundo Rui Nunes, é preciso apostar "na dimensão preventiva, não só de rastreio e de diagnóstico, mas de prevenção, no fundo, na educação para a saúde, que tem de ser levada à cabo e concretizada por especialistas na matéria".
O seminário sobre Carreiras Especiais para os Não Docentes é organizado pela Federação Nacional da Educação (FNE) e pelo Sindicato dos Técnicos Superiores, Assistentes Técnicos e Assistentes Operacionais (STAAEZN), que representa os trabalhadores não docentes da zona norte.
A iniciativa conta com a presença do secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, de representantes dos directores escolares (ANDE e ANDAEP), de deputados dos diferentes partidos, da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) e de autarcas.