"Eles querem reinventar a Europa!"
Nós respeitamos o voto dos cidadãos britânicos, apesar de lamentarmos o resultado. Mas não podemos deixar que o "Brexit" esgote a nossa energia. Os europeus têm que se reinventar e enfrentar os grandes desafios comuns. Tendo este objectivo em mente, juntamente com figuras da cultura, da política e do terceiro sector, abrangendo todo o tipo de sensibilidades e horizontes, tomámos a iniciativa de exigir uma nova etapa para o projecto europeu: o “apelo 9 de Maio”, publicado no mesmo dia em dez Estados-membros diferentes. Aqui, propusemos um "roteiro para um renascimento europeu." Este roteiro poderá ser implementado a partir do Outono e inclui seis iniciativas concretas:
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Fortalecimento da democracia europeia e cultura cívica;
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Aprofundar a segurança, defesa e a proteção dos cidadãos europeus;
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Uma estratégia para acolher e integrar os refugiados e, se aplicável, para preparar as condições para o seu eventual regresso ao país de origem;
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Uma nova política industrial europeia, com base no crescimento de baixo carbono, capaz de modernizar a nossa economia e criar postos de trabalho a nível local;
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O aperfeiçoamento da zona do euro, de modo que ela funcione de forma mais eficiente e não contribua para mais desigualdades;
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O lançamento de um programa Erasmus para o ensino secundário, que reunirá toda uma geração de jovens europeus.
O apelo 9 de Maio teve um impacto considerável. Os cidadãos apoiam as nossas propostas, vários deputados nacionais e deputados europeus consideram que existe uma boa base para permitir o relançamento do projecto europeu, organizações do terceiro sector usam estas propostas como uma fonte de reflexão, e chefes de Estado e de Governo, incluindo o Presidente da República Francesa, convidaram-nos para debater com eles este projecto.
A nossa ambição é contribuir para uma rápida reapropriação do projecto europeu pelos nossos concidadãos, tendo em vista o interesse comum de todos. O roteiro é ambicioso, concreto, realista e focado nas necessidades e preocupações dos cidadãos. Se não for implementado brevemente, o descontentamento dos europeus em relação às instituições europeias irá aumentar, podendo constituir um primeiro passo para o desmantelamento da União. Uma regressão deste género é uma ameaça real para as nossas democracias.
Numa ordem internacional marcada pela geopolítica, segurança, migração, alterações climáticas e desafios económicos, desafios que são transnacionais, fazem com que uma Europa unida e forte seja mais essencial do que nunca. A União deve respeitar a diversidade nacional, garantir os direitos fundamentais, ser capaz de integrar os migrantes, criar empregos, reduzir as desigualdades e influenciar o curso do mundo. Para este fim, a União Europeia deve tornar-se uma grande potência democrática, cultural, ecológica e económica, num mundo multipolar em que os europeus em breve representarão apenas 5% da população mundial. Para que isto seja possível é necessário que os nossos concidadãos recuperem a confiança no futuro.
Durante os últimos dez anos, o debate público foi sobrecarregado por opositores ao projecto europeu. Por um lado, eles denunciam a passividade da UE em termos de políticas de segurança, externa e de defesa, por outro, são os mesmos que negam que a União se dote dos meios para agir. Vamos quebrar este ciclo absurdo e dar à União a capacidade e os meios para fazer uma melhoria substancial e duradoura para as nossas vidas.
Apresentamos seis iniciativas para seis emergências. Além destas propostas concretas, pugnamos por instituições europeias mais eficazes. O Parlamento Europeu deve convocar uma Convenção aberta e transparente, que sirva também para alimentar debates na sociedade civil. É necessário adaptar os tratados para lidar com os desafios que enfrentamos actualmente. Tal processo poderá levar-nos a um novo tratado que permita que os países dispostos a aprofundar a integração europeia o possam fazer.
Mas este roteiro não será possível sem o seu contributo. Nós precisamos de si, do cidadão europeu, precisamos que lidere esta iniciativa – é preciso discuti-la, aperfeiçoá-la ou até mesmo contradizê-la! O projecto europeu deve ser reconstruído por todos, não podemos permitir que seja monopolizado apenas por que o deseja destruir. Acreditamos que somente através de um movimento de cidadãos será possível dar aos nossos líderes a força necessária para agir. Apelamos a todos os cidadãos que compartilham a mesma convicção que se juntem a nós. Juntos vamos iniciar um grande debate europeu sobre a forma como a União Europeia pode ser benéfica para todos - agora é o momento!
Para subscrever o apelo 9 de Maio – roteiro para um renascimento europeu: www.m9m.eu
Guillaume Klossa (FR), escritor, criador do roteiro e fundador da EuropaNova, antigo Sherpa para o grupo de reflexão para o futuro da Europa (Conselho da UE)
László Andor (HU), antigo Comissário Europeu
Lionel Baier (CH), realizador
Michel Barnier (FR), antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo Vice-presidente da Comissão Europeia, Partido Popular Europeu
Mercedes Bresso (IT), Deputada ao Parlamento Europeu, antiga Presidente do Comité das Regiões
Elmar Brok (DE), Deputado ao Parlamento Europeu, Presidente da comissão de assuntos externos
Daniel Cohn-Bendit (DE-FR), Antigo presidente do Grupo dos Verdes no Parlamento Europeu
Georgios Dassis (GR), Sindicalista, Presidente do Conselho Económico e Social Europeu
Philippe de Buck (BE), Antigo diretor geral da BusinessEurope, membro do comité económico e social
Cynthia Fleury (FR), Filósofa
Felipe González(ES), antigo Primeiro-ministro e antigo presidente do grupo de relexão para o futuro da Europa (Conselho da UE)
Kirsten van den Hul (NL), escritora
Danuta Hübner (PL), antiga Comissária Europeia, Presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, Partido Popular
Robert Menasse (AT), escritor
Jo Leinen (DE), Deputado ao Parlamento Europeu, Presidente do Movimento Europeu
Sofi Oksanen (FI), escritora
Maria João Rodrigues (PT), antiga Ministra, Vice-presidente do Grupo dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu
Roberto Saviano (IT), escritor
Gesine Schwan (DE), Presidente da Humboldt Viadrina Governance Platform
Guy Verhofstadt (BE), antigo Primeiro-ministro, Presidente do Grupo Liberal no Parlamento Europeu
Cédric Villani (FR), matemático