Ei-las: As sardinhas campeãs de 2016 dão início às festas da cidade
O concurso de desenho para as Festas de Lisboa 2016 já elegeu as cinco vencedoras. As sardinhas eleitas saíram esta segunda-feira da grelha e chegam quentes e coloridas.
Há um marinheiro que brinca com as espinhas de uma sardinha, uma calçada portuguesa que dá chão a uma dança animada, uma sardinha coberta de cravos vermelhos, guitarras portuguesas, gatos, pão quente e até uma foto do cantor Marco Paulo. Não, não são apenas dois amores. Este ano, os lisboetas têm cinco. São as cinco vencedoras do concurso das Festas de Lisboa de 2016 e que irão colorir as ruas de Lisboa durante o mês de Junho.
Das cinco vencedoras, apenas duas são de autores portugueses: Diogo Matos e Clara Leitão. Ao pódio da originalidade chegam também sardinhas do Brasil, da Grécia e da Ucrânia, concretamente de Alessandra Cavalcanti, Olga Shtonda e Natalie Mavrota, respectivamente. Cada vencedor receberá um prémio no valor de dois mil euros.
Além das cinco vencedoras, a organização não resistiu às criativas participações e imprimiu mais duas dezenas de sardinhas, que irão também estar espalhadas por Lisboa.
Para esta sexta edição, o júri compôs-se de nomes bem conhecidos: Gisela João, Rita Blanco, Vhils, Nuno Markl e Rui Unas.
A decorrer pela sexta vez, esta foi a edição com maior número de participantes. No total, foram 8897 sardinhas a concurso, de 70 países. Da Coreia do Sul, passando por Singapura, foram muitos os quilómetros nadados por um dos peixes favoritos dos portugueses. Um número que chega como celebração dos 20 anos da organização das Festas de Lisboa pela EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural da Câmara de Lisboa, destaca Joana Gomes Cardoso, presidente do Conselho de Administração da EGEAC.
É também em jeito de celebração das duas décadas da EGEAC que chega uma das novidades do programa deste ano: "Ler e Ver Lisboa", um projecto que reúne 20 itinerários, desenhados por 20 ilustradores e 20 escritores. O guia que se propõe levar os lisboetas “a passear com o seu autor favorito” pelas ruas da capital será lançado no próximo dia 8 de Junho.
Mas se é dos que dispensa os guias, é só aguçar os restantes sentidos: o cheiro a sardinha assada e a música popular encaminham lisboetas e turistas para o interior dos bairros mais típicos da cidade. É de cor, de muita cor, que se veste Lisboa, para ver marchar os quase dois mil participantes que este ano irão descer a Avenida da Liberdade, na noite de dia 12 de Junho, numa tradição que se repete há mais de oito décadas. Também os Tronos de Santo António deverão voltar às ruas alfacinhas. Segundo a organização, este ano registaram-se cerca de 200 inscrições. Os tronos saem à rua já este fim-de-semana e será disponibilizado um roteiro para os visitar.
Agenda preenchida
Mas os Santos Populares são muito mais do que a noite de Santo António. Entre os mais de 20 arraiais que começam já na próxima quarta-feira e se prolongam até ao final de Junho há ofertas literárias, convites para ir às lojas históricas mais antigas de Lisboa, mostras de cinema ao ar livre, espectáculos, aulas de tango e festivais de banda desenhada.
Entre os programas mais tradicionais, realçam-se algumas actividades. No dia 10 de Junho, por exemplo, a música popular é reinventada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa que com jazz e música clássica irá tocar algumas das conhecidas canções populares do reportório de música pimba portuguesa, com o espectáculo “Deixem o Pimba em Paz”. E, se falamos de música, falamos naturalmente de fado. Carminho, José Manuel Neto e Ana Moura compõem o cartaz. Mas há sons para todos os gostos e até grupos corais. O destaque vai para o concerto de encerramento das Festas com o concerto de despedida (por tempo indeterminado) dos Buraka Som Sistema, no jardim da Torre de Belém, no dia 1 de Julho. Para a banda, este é “mais do que um concerto de despedida” e irá “espelhar todos os dez anos” de Buraka e “plantar uma semente” naquela que será a sua última subida aos palcos. “As festas de Lisboa souberam evoluir”, acredita Kalaf Epalanga, e por isso, a escolha de Buraka para o encerramento das festas populares é recebida com naturalidade. “O que é tradicional é o que é popular”, argumenta o músico ao PÚBLICO, que acredita que “a cidade está mais receptiva à sua própria sonoridade”.
Este ano, o padroeiro das festas, Santo António, divide as atenções com o artista Rafael Bordalo Pinheiro, na comemoração do 170.º aniversário do seu nascimento. Bordalo Pinheiro lança o mote para “a visão irreverente” que a organização promete para esta edição e que deverá inspirar as marchas populares.
Durante a cerimónia de apresentação do programa, o presidente da Câmara de Lisboa destacou a “diversidade” das festividades. Para o autarca, o programa “une aspectos mais tradicionais, como as marchas, os casamentos e os arraiais, mas também a afirmação de uma cidade aberta e cosmopolita”. “Desde o mais popular, o mais barrista, ao mais cosmopolita”, não há quem falte as festividades do padroeiro da cidade, acredita Fernando Medina.