Passos diz que Costa levou o país a um "retrocesso democrático"
Líder do PSD traça um quadro negativo sobre os seis meses de governação e diz que o Governo de Costa usa o diálogo "como fachada".
O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, acusou o Governo de gerar um “declínio económico, social e político”, criticando não só a política de “reversões” como também a “arrogância” com que exerce o poder. É o balanço de seis meses de Governo, que se assinalam esta quinta-feira, feito pelo líder social-democrata.
“O Governo optou conscientemente por uma linha de retrocesso democrático que está a conduzir Portugal para o declínio social e económico e também para o declínio político”, acusou, depois de referir a trajectória descendente de vários indicadores económicos. A economia “quase estagnou” nos primeiros três meses do ano face ao trimestre anterior, as exportações quebraram o “ciclo virtuoso” e o crescimento económico previsto “está comprometido”, além da “destruição de 48 mil empregos” no primeiro trimestre do ano, frisou.
Passos Coelho apontou também as reversões – como a da privatização da TAP e nas concessões dos transportes públicos – como uma opção que contribuiu para denegrir a imagem externa do país. “Estes seis meses serviram para recolocar Portugal no radar da desconfiança dos investidores e no palco das reprimendas europeias. E era este o governo que ia fortalecer a nossa voz na Europa”, afirmou, referindo um conjunto de medidas como a do regresso às 35 horas na função pública, que qualificou como “desastrada”. Na área da administração pública, o líder social-democrata acusou ainda o Governo de demitir “sistematicamente dirigentes nomeados por concurso e nomeando escolhas políticas”.
Também na área política, o balanço é negativo. Passos Coelho queixa-se da “deterioração das condições democráticas” da vida política. “Com a bandeira do diálogo e da concertação numa mão, o Governo usou a outra para calar os críticos e mascarar a realidade”, acusou, referindo que a maioria no Parlamento tem chumbado todas as propostas do PSD e do CDS. “O diálogo não é mais do que uma fachada, porque este é um Governo que capitula perante todas e quaisquer exigências das forças sindicais”, sublinhou.
Acusando o Governo de apenas pensar na sua “sobrevivência”, o líder social-democrata disse que esta é “uma forma de estar na política que arrogantemente rejeita quaisquer críticas”. E deu o exemplo dos debates quinzenais no Parlamento que “servem para que o primeiro-ministro fuja às perguntas”, recordando que António Costa ainda não respondeu às questões enviadas pelo PSD sobre a sua intervenção nos negócios da banca.