Braga saiu a festejar um feito de que poucos ainda se lembravam

Não é preciso combinar que todos sabem onde se faz a festa em Braga.

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A festa nas ruas de Braga João Silva
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João Silva

Não é preciso relembrar o ponto de encontro. Em dia de festejos futebolísticos em Braga, o final da Avenida Central, entre a arcada e o edifício do Banco de Portugal, é o local marcado para levantar cachecóis e soltar os cânticos de apoios. Foi assim novamente neste domingo, em que a cidade saiu para festejar a conquista da Taça de Portugal, exactamente meio século volvido desde a última vez que o Sporting de Braga levantou o troféu.

No local em que aquela artéria da cidade faz uma curva, a reunião de muitas dezenas de adeptos tornava obrigatória a paragem dos automóveis e das motos. A cada novo veículo repetia-se um mesmo ritual: o condutor era obrigado a sair do seu lugar e juntar-se por um momento àquela massa humana. E em conjunto gritava-se: " salta Braga olé!"

Menos dado a pulos, Paulo Silva, 41 anos, encostava-se a um poste de iluminação enquanto fumava um cigarro. Mas o facto de não estar no meio dos saltos não significa que estão esteja feliz com a conquista do clube da cidade. Os olhos brilham quando se lhe pergunta pela emoção daquele momento. "É uma alegria muito grande", diz.

Paulo nasceu nove anos depois da primeira e última vez em que o Braga tinha ganho a prova rainha do futebol nacional. Desse tempo só tem a memória das fotografias e do troféu nas sala de recordações do clube. Acontece o mesmo com a maioria dos bracarenses que falaram com o PÚBLICO, demasiado novos para terem visto a final de 1966.

Paulo Silva lembra-se, porém, da conquista recente da Taça da Liga ou dos apuramentos para a Liga dos Campeões para comentar que, ainda que os automóveis sejam abanados, a ritmo frenético no final da principal rua de Braga, a festa "ainda é pouca" naquelas primeiras horas da noite.

Ainda assim, o ambiente na cidade preenche-se de um coro de buzinas, umas dos carros, outras vermelhas, vendidas por vendedores ambulantes, que soam quando sopitadas. Além da Avenida Central há um outro epicentro da festa bracarense neste domingo, em frente à Câmara Municipal, onde foi instalado um ecrã gigante onde alguns milhares tinham assistido à partida durante a tarde. A acompanhar a transmissão de um canal nacional, por ali permaneciam ainda, mais de uma hora depois de terminada a partida. E por ali prometiam ficar, até que os heróis do Jamor regressassem à cidade.

Na praça do município, Tânia Vilaça, 16 anos, telefona a uma amiga. "Então o Brafa ganhou e tu estás em casa?", diz-lhe em tom reprovador. Viu a partida em casa, mas mal terminou saiu para festejar com outros colegas da mesma idade. "É um dia muito importante para nós".

Luis Antunes tem o dobro da idade mas um pensamento semelhante. "O dia é historiador há que celebrar". Viu o jogo casa, nos arredores da cidade, com a mulher. No sofá sofreu, especialmente quando André Silva, empatou o jogo a dois golos, sobre o minuto 90, fazendo-o "ver o filme todo do ano passado" quando os braguistas viram o Sporting empatar a final da Taça de 2015 também em cima da hora, acabando por cair nas grandes penalidades. Desta vez a história foi diferente.

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