Desta vez, os penáltis deram a Taça de Portugal ao Sp. Braga
Minhotos estiveram a vencer por dois golos de vantagem, deixaram-se empatar nos descontos, mas acabaram por bater o FC Porto na decisão pelas grandes penalidades.
A história esteve muito perto de se repetir, mas o destino não castigou desta vez o Sp. Braga. Exactamente meio século depois, os “arsenalistas” voltaram a levar a Taça de Portugal para o Minho, depois de derrotarem o FC Porto na decisão por grandes penalidades. E, para ajudar à festa, receberam o troféu das mãos do presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, sócio do clube.
Maria Amélia da Silva Morais, ou Amelinha, a mais carismática adepta bracarense, estava no Jamor a 22 de Maio de 1966, para assistir ao maior feito desportivo da sua equipa, até ontem. Tinha 30 anos. Agora, com 80, voltou a marcar presença em mais um momento histórico. Desta vez, teve de sofrer mais e chegou a temer o pior, tal como no ano passado, quando os minhotos deixaram escorregar o troféu das mãos e entregaram-no ao Sporting, também na decisão por penáltis.
A única diferença entre estes dois jogos decisivos foi mesmo o epílogo. Tal como em 2015, o Sp. Braga esteve a vencer, por 2-0, deixou-se apanhar no marcador já nos descontos, manteve a compostura no prolongamento, mas soube, desta vez, ter nervos de aço na decisão da marca dos 11 metros.
É verdade que o FC Porto contribuiu decisivamente para o sucesso “arsenalista” com dois golos literalmente oferecidos pela sua defesa, mas teve força psicológica para reagir ao empate dos “dragões” e aguentar o tempo extra, com o adversário moralizado animicamente e já com muitos elementos a acusar um acentuado desgaste físico.
Para os portistas, esta foi a confirmação de mais uma temporada sem êxitos desportivos. Já são quase três anos sem troféus, naquela que é a pior seca da era Pinto da Costa. E podem, acima de tudo, queixar-se de si próprios. Mais uma vez, o elo mais fraco do conjunto da Invicta foi a sua defesa, que protagonizou uma espécie de síntese do que foi a temporada.
Logo aos 12’, uma falha de comunicação entre Helton e os seus defesas centrais colocaram o FC Porto em desvantagem. O guarda-redes saiu da sua área, parecia ter o lance controlado, mas acabou por não atacar a bola, pensando que o faria Chidozie. Rui Fonte, a surpresa de Paulo Fonseca no ataque bracarense, é que não fez cerimónia, ultrapassou o dono da baliza adversária e marcou de cabeça.
A depender excessivamente das iniciativas de Brahimi para provocar desequilíbrios ofensivos, os “dragões” foram inofensivos no primeiro tempo. Mas a atitude da equipa mudaria radicalmente após o intervalo, muito por mérito da entrada de Rúben Neves para o meio-campo. Os lances de perigo foram surgindo na área bracarense com cadência e, quando o golo do empate parecia iminente, a defensa voltou a fazer das suas, aos 58’.
Helton recebeu um atraso de Danilo, colocou a bola em Marcano e este deixou-a escapar para Josué que não perdoou. E tudo no melhor momento portista na partida. Mesmo assim, a equipa de Peseiro reagiu prontamente e, em três minutos (61’), reduziu a desvantagem e regressou ao encontro, com um golo de André Silva. O jovem avançado assumiria mesmo o estatuto de herói, já nos descontos, quando o FC Porto carregava com tudo, ao empatar o encontro com um bonito pontapé de bicicleta.
O prolongamento foi uma espécie de anticlímax face às emoções nos instantes finais do tempo regulamentar. Mesmo assim, André Silva teve três oportunidades para impedir os penáltis, mas valeu, mais uma vez, a defesa bracarense para adiar a decisão. Nos pontapés da marca de castigo máximo, Marafona impôs--se com duas grandes defesas que travaram os remates de Herrera e Máxi Pereira. A Taça de Portugal foi mesmo para Braga.