Santander Totta exerce "coacção" e "pressão" sobre trabalhadores da Oitante
A denúncia foi feita pela Comissão de Trabalhadores durante uma audição no Parlamento
O coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Oitante, Luís Duarte, disse nesta terça-feira no Parlamento que o Banco Santander Totta tem exercido "coacção" e "pressão" sobre os trabalhadores que asseguram o processo de migração da actividade para este banco.
"É com base no contrato de prestação de serviços [entre o Santander Totta e a Oitante, empresa-veículo criada no âmbito da resolução do Banif] que os trabalhadores convivem com uma pressão constante por parte do Banco Santander Totta, que exige e ordena esforços além do razoável, tendo em vista o cumprimento de prazos irrealistas", afirmou na comissão parlamentar de inquérito ao Banif.
Luís Duarte disse ainda que a responsabilidade do sucesso da migração da actividade é colocada nos trabalhadores, "recorrendo à coacção de que rescindem o contrato e deixam assim de assegurar as remunerações subjacentes, se não cumprirem todas as suas orientações".
Luís Duarte reforçou ainda que o Banco Santander Totta "utiliza os trabalhadores da Oitante, de que depende totalmente, sem que com eles queria ficar", e lembrou que são estes [abrangidos pelo contrato de prestação de serviços] que garantem apoio à migração e integração dos activos que transitam para o Santander Totta e asseguram as operações e o apoio à rede comercial, garantindo o suporte aos clientes que transitaram para aquele banco.
Questionado sobre o número de trabalhadores que prestam serviços ao Santander Totta, Luís Duarte afirmou que, dos 420 funcionários da Oitante, pelo menos 150 o fazem. Os restantes têm outras funções como gestão de activos e de carteiras de crédito vencido.
A sociedade-veículo Oitante foi criada pelo Banco de Portugal em Dezembro, no âmbito da resolução do Banif, tendo sido para aí transferidos os activos que o Santander Totta não quis comprar.
Esta empresa ficou ainda com os mais de 400 trabalhadores do Banif que pertenciam aos serviços centrais, enquanto o Santander Totta absorveu os cerca de 1.100 funcionários ligados à rede comercial e ainda todos os que estavam nas operações da Madeira e dos Açores.
Desde o início que os trabalhadores do Banif que passaram para a Oitante se sentiram discriminados face aos colegas que foram para o Santander Totta e que receiam que os seus postos de trabalho estejam em risco, até porque os activos do Banif que ficaram na Oitante são para alienar, reduzindo assim as necessidades de recursos humanos da empresa.
A Oitante, que é presidida por Miguel Barbosa, que era o representante do Banco de Portugal na administração do Banif, tem já aberto um programa de rescisões a que podem aderir todos os funcionários.