Governo "está tranquilo" com o Bloco de Esquerda

Pedro Nuno Santos diz que não vê "avisos" na moção do BE que insiste numa "nova estratégia para o país". Governante admite que "estratégia confrontacional" de reestruturação da dívida, que já defendeu, fracassou.

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Os secretário de Estado diz que o PCP "é exigente" Daniel Rocha

A moção de estratégia da direcção do Bloco de Esquerda (BE) em que o partido pede uma "nova estratégia para o país" parece não ter feito mossa aparente no Governo. Quem o diz é o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares que, em entrevista à RTP3, garante que o Executivo "está tranquilo" em relação aos parceiros de coligação.

"O Governo está tranquilo, não encaramos como aviso nem temos de encarar. O BE defende o seu programa. (...) Encaramos com naturalidade e achamos que é uma riqueza e não uma fraqueza", disse.

Na entrevista, o responsável do Executivo de António Costa para as relações com os parceiros do Governo insistiu na ideia que o documento do BE não teve impacto, fazendo a ressalva de que não quer "comentar a vida interna dos partidos". "Enquanto sentirmos que há condições para progredir, estamos tranquilos. E estamos tranquilos com o exercício de autonomia de cada partido", acrescentou.

Mas acabou por responder que "há já uma nova estratégia que está a ser implementada em Portugal e a recuperação de rendimentos [também colocada na moção do BE] é uma marca deste Governo".

E para responder ao Bloco de Esquerda, Pedro Nuno Santos garante que o Governo está a "pensar no futuro" e por isso criou grupos de trabalho com os partidos para debater alguns assuntos que terão reflexo no Orçamento do Estado do próximo ano.

Um desses grupos de trabalho é sobre a dívida pública. E nesse campo, Pedro Nuno Santos contou que aquele vai reunir-se novamente na próxima semana, mas que haverá "reuniões também com o PCP". Tendo em conta a posição dos partidos, o governante considerou não se tratar de posições "inconciliáveis", mas deixou a certeza que "nada será feito em matéria de dívida que não seja no quadro europeu". 

Para Pedro Nuno Santos esta é também um nova maneira de olhar para a dívida pública. O agora secretário de Estado, enquanto deputado, defendeu a reestruturação unilateral da dívida, ou seja o não pagamento aos credores. Mas passados anos, diz ter aprendido e assume que "a estratégia confrontacional é uma estratégia errada. Fracassou".

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