Anonymous atacam mais de 20 sites ligados ao Governo angolano

"Os verdadeiros criminosos estão cá fora", afirmou o grupo, que levou a cabo ataques informáticos em solidariedade com os activistas angolanos.

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A sentença dos activistas tem sido fortemente criticada por organizações de defesa dos direitos humanos Miguel Manso

Os Anonymous reivindicaram um ataque lançado na terça-feira contra mais de vinte sites ligados ao Governo de Angola, em retaliação contra a condenação dos 17 activistas angolanos na segunda-feira.

Num comunicado na rede social Facebook, um grupo autodenominado Anonymous Portugal reiterou o apoio aos activistas angolanos que colocaram “a própria vida em risco pelo projecto de uma sociedade melhor”. No mesmo comunicado, listaram os sites atacados, sendo que esta quinta-feira muitas das páginas ainda não estavam acessíveis. Entre estas estão a do Governo central, da secretaria do Conselho de Ministros, de governos provinciais e de vários ministérios. “Os verdadeiros criminosos estão cá fora, defendidos por um sistema capitalista”, afirmou o grupo.

Esta não é a primeira vez que os Anonymous atacam sites governamentais de Angola. Em Novembro do ano passado, o grupo atacou, entre outras, as páginas do Governo e do Supremo Tribunal. Exigiam a “liberdade dos presos políticos em Angola”, numa altura em que estava a decorrer o julgamento.

Os 17 activistas angolanos foram condenados por “actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores”, com penas de prisão efectiva que variam entre os dois e os oitos anos. Domingos da Cruz, considerado o líder do grupo, foi condenado a oito anos e seis meses de prisão, enquanto Luaty Beirão foi condenado a cinco anos e seis meses. Nuno Dala, que está em greve de fome desde 10 de Março, foi condenado a quatro anos e seis meses, a mesma sentença aplicada a outros 11 activistas. Rosa Conde e Jeremias Benedito foram condenados a dois anos e três meses, e “Dago Nível”, que protestou contra a sentença no tribunal, a oito meses por crime de desacato.

A defesa dos activistas vai agora recorrer ao Tribunal Supremo, onde deverá apresentar um pedido de habeas corpus na terça-feira, assim como um segundo recurso no Tribunal Constitucional. O primeiro recurso foi interposto pela defesa após ser conhecida a sentença, mas o juíz não suspendeu a execução da pena. Enquanto não for apresentado um novo recurso, os advogados dos activistas pedem que estes aguardem a decisão em prisão domiciliária.

A sentença dos activistas tem sido fortemente criticada por organizações de defesa dos direitos humanos, que consideram que esteve em causa um julgamento político. “Esta condenação injustificável e as sentenças draconianas proferidas contra activistas pacíficos, que jamais deviam sequer ter sido detidos, demonstram como as autoridades angolanas usam o sistema de justiça penal para silenciar opiniões dissidentes”, afirmou em comunicado Deprose Muchena, director da Amnistia Internacional para a África Austral. “Os activistas foram erradamente condenados num julgamento profundamente politizado. São vítimas de um Governo determinado em intimdar quem quer que ouse questionar as suas políticas repressivas”, reiterou. 

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