O tiro que atingiu uma das mulheres baleadas no abdómen, na terça-feira, no Bairro da Ameixoeira, em Lisboa, terá sido disparado por um dos agentes da PSP que se deslocaram para o local. Essa é uma das questões que a Polícia Judiciária está a investigar, adiantou o jornal Expresso e confirmou o PÚBLICO junto de fonte policial. O disparo terá ocorrido num cenário de autodefesa podendo estar em causa uma bala perdida ou que fez ricochete. Os agentes foram recebidos a tiro de caçadeira quando chegaram ao bairro, garantiu o porta-voz da PSP, o intendente Hugo Palma.

A suspeita será também apurada no âmbito de um inquérito que a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) decidiu abrir. A IGAI, que fiscaliza a actuação dos polícias, irá averiguar todos os contornos do tiroteio, garantiu esta quarta-feira a entidade num comunicado. O inquérito “visa o apuramento cabal de todos os factos” e terá de ser finalizado num “prazo de 45 dias”.

Após o tiroteio, a PSP mobilizou de imediato o Corpo de Intervenção (CI). Teve, porém, de recorrer a um grupo de 70 agentes que tinha ido em serviço para o jogo de futebol que opôs as selecções de Portugal e da Bélgica em Leiria. Este grupo passou pelo bairro mas não agiu. Foi desmobilizado por a situação já estar controlada nessa altura. Há cerca de um mês que o CI não tem um grupo de reserva já que os seus elementos foram aplicados em patrulhamentos e segurança de embaixadas. A PSP não esclareceu a alegada falta de meios no CI.

As informações oficiais dizem que três dos cinco feridos que deram entrada no hospital na terça à noite, após o tiroteio, permanecem internados em situação estável. Dois dos polícias tiveram alta. O terceiro agente realizou uma cirurgia, mas encontra-se “livre de perigo” e em relação às duas civis — uma atingida no abdómen e outra na zona da cabeça e pescoço — foram igualmente alvo de intervenções cirúrgicas, encontrando-se ambas estáveis.