Lisboa na rota do vírus Zika?
É preciso conhecer melhor as espécies de mosquito que transmitem o vírus.
À medida que o vírus Zika se alastra pelas Américas, os cientistas perguntam-se até onde ele pode chegar. Um estudo identificou 100 cidades na Europa, Américas e Austrália que, devido às rotas aéreas, correm o risco de importar o Zika. Lisboa é uma dessas cidades. Mas tudo depende dos mosquitos que transmitem o vírus.
“Para se controlar o Zika é necessário saber que espécies são uma ameaça”, diz ao PÚBLICO Lauren Gardner, da Universidade da Nova Escócia do Sul, na Austrália, autora do estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases. Até agora, o vírus foi encontrado em 15 espécies de quatro géneros de mosquitos. Mas só está provado que o Aedes aegypti, um mosquito dos trópicos, pode transmitir o Zika aos humanos.
O novo mapa tem em conta tanto a distribuição do Aedes aegypti como a do Aedes albopictus, de climas mais temperados, que nas últimas décadas se espalhou pela Europa e já chegou a Espanha. Pensa-se que o Aedes albopictus também transmite o vírus. “Em África, o Zika é endémico em regiões onde existe o Aedes albopictus mas não existe o Aedes aegypti”, diz Lauren Gardner. Para se confirmar se esta espécie é mesmo um vector tem de se provar que há transmissão em modelos animais e demonstrar “que o vírus é transmitido em humanos e o Aedes albopictus é o único vector presente”.
Ainda não se encontrou o mosquito em Portugal. Mas Lauren Gardner argumenta que temos boas condições ambientais para o Aedes aegypti. Se ficar provado que a espécie também transmite o Zika, então a Europa poderá viver o próximo surto.