Rui Moreira pede a Marcelo que se bata por um “Portugal menos centralista”

Autarca independente do Porto dá nota de um país que “está mais assimétrico e, desgraçadamente, mais desigual"

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Marcelo está nesta sexta-feira no Porto Pedro Granadeiro/NFACTOS

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, pediu ao recém-eleito Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que erga a sua voz “em defesa de um Portugal menos centralista, um Portugal que deixe, enfim, respirar os que querem ousar, arriscar, fazer mais e melhor”.

"Com a sua voz e a sua autoridade, peço-lhe que lute contra a desigualdade e injustiça. Erga também a sua voz em defesa de um Portugal menos centralista, um Portugal que deixe enfim respirar os que querem ousar, arriscar, fazer mais e melhor. Estamos a falar de muito mais do que um centralismo de interesses. Estamos a falar de mentalidades e da sua necessária mudança", afirmou o autarca na recepção desta sexta-feira, no Porto.

Na sua intervenção, Rui Moreira descreveu ao Presidente um país que "está mais assimétrico e, desgraçadamente, mais desigual", argumentando que "são ainda muito diferentes as condições em que vivem e aquilo a que podem aceder" os portugueses. "Portugal é plural e diverso e, sabe-o muito como poucos, é muito mais do que o Palácio de Belém e outras sedes de órgãos de soberania. Os portugueses são das cidades, são do litoral e do interior. Os portugueses são os algarvios, são os transmontanos, os minhotos e os portuenses", frisou.

O independente que ganhou a Câmara do Porto nas últimas eleições autárquicas aludiu no seu discurso “às chocantes diferenças entre grupos, regiões e classes sociais”, que Marcelo referiu no discurso da sua tomada de posse como Presidente.

Rui Moreira aproveitou para pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que seja "Presidente de todos aqueles que se dizem, com orgulho, portugueses", apelando a que combata o centralismo, intervindo no plano das mentalidades. E deixou uma preocupação: "Aí, a dificuldade que tem pela frente é ainda maior, porque interfere com aculturações ancestrais, porque é interior, porque esta pulsão pelo centro, em detrimento de tudo o resto, quase sempre se dissimula e embeleza para não ser notada".

"Ao longo do dia, irá sentir que esta cidade, liberal e aberta, tolerante e abrangente, está próxima de si. O Porto saberá sempre acolhê-lo e incitá-lo a continuar na jornada de todos unir", disse Rui Moreira.

O Presidente da República encerra esta sexta-feira, no Porto, o programa da tomada de posse iniciada na quarta-feira, com visitas à Câmara, ao bairro do Cerco e a uma exposição sobre o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, que morreu em Novembro de 2015.

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