Papa denuncia a resignação da Igreja perante o narcotráfico

Em visita à cidade de Morelia, capital do Michoacán, o Papa pediu aos sacerdotes para não caírem na tentação de se resignarem perante o tráfico de droga e a corrupção

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Francisco apresentou-se num papa-móvel completamente descapotável, ALFREDO ESTRELLA/AFP

No penúltimo dia da sua visita ao México, o Papa Francisco deslocou-se a Morelia, capital do Estado de Michoacán, naquele que é um dos principais redutos de tráfico de droga no México.

O Papa Francisco apelou aos sacerdotes para que não se resignassem à violência e corrupção que têm alimentado uma década sangrenta – cerca de 100 mil mortos contabilizados nos últimos dez anos -, e que o governo tem sido incapaz de parar. Guerras entre gangues têm dilacerado o Michoacán, onde execuções e sequestros são frequentes, sendo que só nos últimos três meses registaram-se 290 homicídios.

“Que tentação pode vir de ambientes dominados pela violência, pela corrupção, pelo tráfico de droga, pelo desprezo pela dignidade humana, pela indiferença ao sofrimento e à insegurança? Que tentação enfrentamos perante esta realidade que parece irremediável? Acho que a podemos definir como resignação”, afirmou o Papa perante cerca de 30 mil padres, freiras e seminaristas no Estádio Venustiano Carranza, segundo informações da Reuters.

O Papa fez ainda um apelo aos sacerdotes para que estes não se fechem nas suas igrejas, mas que, ao invés disso, demonstrem uma atitude activa que permita ajudar as pessoas que estão em sofrimento. “A resignação é uma das armas preferidas do diabo! A resignação não só nos paralisa, como também nos prende nas nossas sacristias e na nossa aparente segurança. A resignação não só nos impede de realizar projectos, como também nos impede de correr riscos e de transformar as coisas”, afirmou.

Nas ruas de Morelia, o entusiasmo pela visita do Papa é enorme. “É um milagre [o Papa Francisco] ter escolhido vir cá para levantar os nossos espíritos”, afirmou à Reuters, Maria Hernandez, doméstica de 66 anos.  Ao longo do dia, o Papa irá ainda visitar a catedral na baixa da capital do Estado do Michoacán e encontrar-se-á com grupos de jovens.

A visita de cinco dias do Papa ao México termina amanhã, com o Pontífice a visitar a cidade de Juárez, outrora considerada uma das cidades mais perigosas do mundo. Situada na fronteira americana, Juárez é uma cidade caracterizada pela violência e pelas condições miseráveis que milhares de imigrantes enfrentam na sua tentativa de chegar aos Estados Unidos.  

 

 

 

 

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