Tem sido uma espiral de más notícias vindas do Twitter, a rede social que em tempos sonhou competir com o Facebook, mas que está a mostrar dificuldades em tornar-se um negócio rentável. Um grupo de responsáveis de topo saiu da empresa, deixando alguns departamentos com liderança interina, numa altura em que a confiança dos investidores na empresa está em mínimos históricos.

A notícia das saídas foi avançada na imprensa dos EUA e, horas depois, o fundador e presidente executivo, Jack Dorsey, acabou por confirmá-la, numa mensagem publicada no Twitter. Através de uma imagem com texto (para contornar o limite de 140 caracteres), Dorsey confirmou a saída de quatro pessoas: dos vice-presidentes responsáveis pelas áreas de engenharia, produto, media e recursos humanos. Segundo Dorsey, as saídas são voluntárias e as substituições serão feitas, pelo menos temporariamente, por membros da equipa executiva.

O Twitter está a passar por tempos difíceis. A rede social, que tem 320 milhões de utilizadores mensais e 4300 funcionários espalhados por vários países, não tem conseguido transformar-se num negócio de sucesso e continua a acumular perdas. Em Outubro, Jack Dorsey (que chefia uma outra empresa que fundou, a Square) regressou ao papel de presidente executivo, após a saída de Dick Costolo. As receitas cresceram em 2015 (cerca de 1400 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano), mas as contas não saíram do vermelho: perto de 400 milhões de euros em prejuízos entre Janeiro e Setembro. Os resultados para o ano completo serão comunicados a 10 de Fevereiro.

Depois de ter visto o Facebook ganhar terreno na corrida pelo tempo de atenção dos utilizadores e dinheiro dos anunciantes, o Twitter deparou-se com novos concorrentes que ganharam muita popularidade, como é o caso do Instagram. As acções da empresa estão em tendência de queda e a cotação encontra-se em mínimos. Na sexta-feira, as acções fecharam nos 17,85 dólares, abaixo do preço de estreia em bolsa, em Novembro de 2013. O valor mais baixo de sempre foi de 15,52 dólares, registado na quarta-feira passada.

Nos meses recentes, o Twitter tem feito algumas alterações na plataforma, que têm sido recebidas com algum cepticismo e uma boa dose de má imprensa. Entre as novidades estão uma funcionalidade para agregar mensagens consideradas importantes (disponível apenas nos EUA, Brasil e Reino Unido) e um novo ícone para os utilizadores assinalaram os tweets favoritos. A imprensa noticiou que a empresa tem a intenção de abandonar o conhecido limite de 140 caracteres e aumentá-lo para dez mil (algo que já fez com as mensagens privadas). Esta mudança, que alteraria a que é provavelmente a mais conhecida característica do Twitter, não tem confirmação oficial.