Sem medo da chuva e de coração cheio, Edgar quer mobilizar até domingo

Na descida do Chiado já de noite, Jerónimo desvalorizou as sondagens e desejou uma segunda volta para se conseguir derrotar Marcelo.

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Edgar Silva desceu o Chiado com Jerónimo de Sousa Adriano Miranda
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Está quase. Mas falta sempre mais um pouco e até domingo há três palavras de ordem: “mobilizar, mobilizar, mobilizar”. Foi esse o apelo insistente de Edgar Silva, o candidato apoiado pelo PCP que ao início da noite desta quinta-feira fez a tradicional descida do Chiado, em Lisboa, entre o café A Brasileira, junto ao largo das duas igrejas, e a esquina da praça do Rossio com a rua do Ouro.

Caía uma chuvinha miudinha, que não molhava tolos mas deixava cabeça e ombros frescos. Cenário que não é problema para uma candidatura “habituada a fazer boa cara ao mau tempo”, haveria de dizer Jerónimo de Sousa tendo em mente, por exemplo, a chuvada que se abatia sobre o Porto quando fizeram o comício no Palácio de Cristal. Como que de propósito, a chuvinha teimosa parou pouco depois de a mole humana de bandeiras em punho começar a descer a compasso a calçada da Rua Garrett, eram 17h50, com a Charanga Huga a tocar “Cheira bem, cheira a Lisboa”.

A avaliar pelas sondagens, porém, não cheira a vitória para estes lados. Nem do candidato nem das intenções do PCP, já que Jerónimo de Sousa estabeleceu como objectivo para estas presidenciais derrotar a direita, ou seja, Marcelo, e isso parece difícil a acreditar nas sondagens (embora isso seja coisa de que o PCP desconfia sempre).

Ao descer a Garrett e depois a Rua do Carmo, Edgar Silva é um homem “acorrentado”. De braço dado com Jerónimo de Sousa, do lado direito, e com o seu mandatário, o sindicalista Ernesto Cartaxo, do lado esquerdo, o candidato não consegue fazer aquilo que foi a sua imagem de marca nesta campanha: ziguezaguear pela rua. Limita-se a andar a direito, rua abaixo.

No Chiado quase não houve beijos a pessoas com quem se cruzava – apenas a meia dúzia de jovens que a organização foi deixando furar e que tiraram fotografia com o candidato -, nem pôde parar a marcha para cumprimentar lojistas. Lá foi acenando para as câmaras e as empregadas do cabeleireiro Alfredo. Mas sempre, sempre de sorriso largo. Teria muito a ganhar se lhe dessem essa liberdade do contacto próximo (ainda que tornasse o passeio caótico).

Foi uma arruada bem mais comedida que a encabeçada nas legislativas por Jerónimo de Sousa – o tempo e a hora não ajudaram. Mas do palanque percebia-se que a Rua do Carmo estava preenchida quase até meio, compacta, mas não seriam os 3000 que a deputada Rita Rato contabilizou ao microfone quando deu a palavra a Jerónimo e a Edgar.

Em frente aos Armazéns do Chiado, Jerónimo de Sousa admite que o objectivo é “vencer o candidato da direita”, levá-lo a uma segunda volta e “confiar que a candidatura de Edgar Silva irá tão longe quanto o povo quiser”.

O líder do PCP admite que “naturalmente seria uma perda” para o partido se Marcelo vencer à primeira, mas Jerónimo prefere voltar continuamente o discurso para a ideia de que “nada está decidido” e a última palavra “é do povo, no domingo”. “Antes do povo votar não gosto de fazer vaticínios.”

Por isso, critica as “manobras de diversão de última hora e as sondagens” que, diz, mostram só uma coisa: que “essa candidatura está a recuar e a nossa está a crescer”. E sobre os socialistas, divididos entre Maria de Belém acossada pela controvérsia das subvenções e Sampaio da Nóvoa, o líder comunista não “mete prego nem estopa” e recusa que a multiplicidade de candidaturas à esquerda seja um problema.

Sobre a arruada, uma estreia para o deputado comunista madeirense, Edgar Silva mostrou-se impressionado e disse ser um “sinal de que Abril está na rua” de novo. “Só alguém que não tivesse coração ficaria insensível.” Questionado pelo PÚBLICO se admite trocar a Madeira pelo continente em futuras eleições, riu-se e respondeu ao lado. “Eu já estou no continente. Na Madeira não cabe tanta gente.”

No final da arruada, Jerónimo e Edgar haveria de discursar durante um quarto de hora sempre em torno da mesma ideia: há uma “energia e uma força que se agiganta” até domingo que “nenhuma ciência política ou sondagem é capaz de medir”. Ainda assim, “a palavra de ordem não pode ser senão mobilizar, mobilizar, mobilizar”, apelou Edgar Silva. Depois dos discursos, uma pequena aberta: o ex-padre madeirense distribuiu beijocas pelas fãs comunistas que lhe conseguiram chegar.

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