Excesso de gatos em Sines obriga a campanha de esterilização
Existem várias colónias que no seu conjunto têm uma população superior a mil animais abandonados e silvestres e as autoridades receiam o aumento descontrolado das ninhadas.
A existência de “numerosos gatos errantes não esterilizados”, em várias zonas da cidade de Sines, para além de ser prejudicial ao bem-estar dos animais, causa problemas aos munícipes, associados “à reprodução, ao ruído e aos maus cheiros.” Esta é a fundamentação do protocolo de colaboração assinado no dia 22 de Dezembro, entre Câmara de Sines e a 4 Patas – Associação Abrigo dos Animais de Sines que prevê a realização de uma campanha de esterilização de gatos errantes a decorrer no concelho de Sines durante o próximo ano.
A autarquia diz pretender “consolidar uma política de controlo permanente de gatos no espaço público” através da instalação e monotorização do número de animais que venham a ser capturados, assumindo o fornecimento da medicação que será ministrada pelo médico veterinário. O protocolo garante que os animais esterilizados “serão desparasitados e tratados se tiverem sintomas de alguma patologia.”
Alexandra Bento, vice-presidente da Associação 4Patas, formada há cerca de um ano, realçou ao PÚBLICO a importância do documento assinado com a autarquia, frisando o “flagelo” que existe em Sines, onde “há centenas de animais a viver nas ruas, sem quaisquer cuidados de saúde e alimentação”. A realidade é agravada pela falta de um centro de recolha onde os animais possam ser colocados, tratados e posteriormente adoptados. “É uma lacuna grave do município e que é urgente resolver”, acentua a dirigente associativa.
Pelas contas que a associação já fez, haverá mais de mil animais entre abandonados e silvestres e a esterilização surge como a alternativa “ mais eficaz de controlar as colónias de gatos e permitir que permaneçam com qualidade de vida” frisa a vice-presidente.
Estudos recentes mostram que quando, “numa dada área geográfica, 70% dos gatos de rua são esterilizados, os nascimentos diminuem e a população estabiliza” ,assinala Alexandra Bento, descrevendo as vantagens da existência de colónias controladas: “Não haverá mais ninhadas e a população de gatos irá diminuir com o tempo”. Por outro lado, assinala, “o barulho provocado por uma colónia fértil tem origem no acasalamento e nas lutas, comportamentos que são fortemente reduzidos com a esterilização”, garante.
A vice presidente da Associação 4 Patas diz que “é um erro” retirar a maioria ou todos os gatos de uma colónia. Uma decisão destas “deixa o território aberto para ser novamente colonizado” com gatos novos a tomar o lugar dos anteriores e os problemas antigos regressarão, adverte. Esterilizar a colónia e deixá-la no seu território “quebra este ciclo de repovoação” e, ao mesmo, fica assegurada uma função importante dos gatos: “vai permitir o controlo de roedores” e, ao mesmo tempo, as pessoas que são incomodadas pelas colónias, “deixam de se deparar com cenários miseráveis de animais esfomeados ou crias moribundas” refere Alexandra Bento.
A acção Capturar-Esterilizar-Devolver (CED) “é um método humano e eficaz de controlo de colónias de gatos e de redução da população felina silvestre”, assegura a dirigente associativa indicando que os animais esterilizados recebem um pequeno corte na orelha esquerda que os identifica do tratamento recebido.
Ao longo de 2015, a Associação 4 Patas de Sines adoptou 150 cães e 170 gatos e nenhum animal capturado foi, após o prazo legal, submetido a eutanásia.
“Já tentámos obter a colaboração das empresas do concelho mas não obtivemos resposta”, lamenta Alexandra Bento. “As pessoas demitem-se das suas responsabilidades, criticam-nos, mas não nos ajudam”, acrescenta
O contacto com a 4 Patas – Associação Abrigo dos Animais de Sines poderá ser através do email: quatropatassines@gmail.com; da página www.facebook.com/4PatasSines ou da morada: Estrada da Costa do Norte nº 1 - 7520-133 Sines. O contributo monetário poderá ser feito para o NIB: 004563244027115781908 – Caixa Agrícola Sines.