Exportações para fora da Europa sofrem travão em Setembro
Mês foi marcado pela maior quebra de vendas para Angola deste ano, que não foi compensada por outros mercados.
O crescimento das exportações portuguesas abrandou em Setembro, para um ritmo de 1,9% por comparação ao mesmo mês do ano passado. Foi o terceiro mês consecutivo em que as vendas de bens ao exterior desaceleraram, penalizadas pelo comércio para fora da Europa, em particular pela forte queda para Angola, o segundo mercado extracomunitário, depois dos EUA.
Os dados publicados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, nos nove primeiros meses do ano, a actividade exportadora totalizou 37.402 milhões de euros, o que representa um aumento de 4,9% face ao mesmo período de 2014. São mais 1745 milhões de euros.
O desequilíbrio de ritmos entre as vendas para a Europa e para fora do espaço comunitário acentuou-se. Para além de ser a região para onde seguem mais de dois terços das exportações, a União Europeia (UE) regista um ritmo bem mais acelerado como destino das exportações portuguesas.
Para a UE – que recebe mais de dois terços das vendas, dado o peso de Espanha, França, Alemanha e Reino Unido como primeiros mercados de destino – as exportações até Setembro estão a crescer a um ritmo de 6,7%, enquanto para fora da Europa estão praticamente estagnadas, com um crescimento acumulado de apenas 0,4%.
Aliás, no mês de Setembro, as exportações para os países extracomunitários apresentaram uma queda abrupta de 13,1% em relação ao mesmo mês do ano passado e uma descida de 2,5% face a Agosto. A queda, a maior do ano em termos homólogos, teve por base o comportamento nas vendas de metais comuns, em particular as barras de ferro ou aço, máquinas e aparelhos, e combustíveis minerais.
Até agora, o crescimento das vendas para outros mercados não comunitários, como os Estados Unidos, tinham compensado a queda das exportações para Angola. No entanto, Setembro foi diferente, com as vendas de bens para o mercado angolano a registarem a maior descida homóloga deste ano, chegando aos 44%. Essa diferença representa menos 122 milhões de euros, só em Setembro, por parte das empresas que vendem para este país africano (e que foi ultrapassado pelos EUA como maior mercado fora da UE).
Nos primeiros nove meses, a queda é de 29%, o equivalente a 640 milhões de euros. Para já, não há indicações de melhorias a este nível, já que Angola continua pressionada pelo baixo preço do petróleo, o que afecta de forma muito negativa a economia do país. A tendência deverá manter-se no ano que vem, com o projecto de Orçamento do Estado enviado à Assembleia Nacional a prever uma forte contenção na despesa. Ao nível do investimento público, por exemplo, está previsto um corte de 30% em 2016.
A China, décimo mercado das exportações nacionais e para onde as vendas este ano têm tido variações irregulares, apresentou em Setembro uma forte queda de 28% em relação ao mesmo mês de 2014. Foi a segunda diminuição consecutiva este ano, ocorrida já depois da instabilidade nas bolsas chinesas e dos sinais de abrandamento da economia do país.
Importações abrandam
Em sentido oposto estão as vendas para o espaço europeu, com o aumento homólogo nos 8% e um salto de 37,6% em relação a Agosto. O que impulsionou este movimento foram as vendas de veículos e material de transporte, “em especial automóveis de passageiros e partes e acessórios para veículos”, sublinha o INE.
Com excepção de Janeiro, em que as exportações caíram, Setembro foi o mês a registar o pior desempenho, comparando com a evolução do ano anterior. A trajectória dos últimos três meses é de desaceleração: depois de uma subida de 4,7% em Julho o ritmo passou para 2,7%, baixando agora de novo para 1,9%.
A crescer a um ritmo mais lento estão também as importações, que nos nove primeiros meses atingiram os 45 mil milhões de euros. Até Setembro, a compra de bens ao exterior cresceu a um ritmo de 2,8%, quando no mês anterior a progressão acumulada desde o início do ano estava nos 3,4%.
No caso das importações com origem nos países europeus, houve em Setembro uma ligeira queda que se deveu a evolução da aquisição de combustíveis minerais, nomeadamente óleos de petróleo, minerais betuminosos, gás natural e energia eléctrica.