Cavaco convicto que Portugal continuará a honrar compromissos europeus

Num encontro no Palácio de Belém, os Presidentes de Portugal e da Bulgária defenderam que é urgente uma resposta "unida e coesa" da Europa à crise dos refugiados. E apontaram o turismo, a construção, as tecnologias de informação e a indústria farmacêutica como áreas para reforçar a cooperação.

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Mesmo numa conferência de imprensa com o Presidente búlgaro, Cavaco Silva fez questão de sublinhar o teor de alguns recados que tem deixado à oposição de esquerda. Nuno Ferreira Santos

O Chefe de Estado português disse esta segunda-feira estar convencido de que Portugal continuará a honrar os compromissos europeus, reiterando que isso é fundamental para a credibilidade do país, a confiança dos investidores e dos mercados. Cavaco Silva falava aos jornalistas numa conferência de imprensa conjunta, no Palácio de Belém, com o Presidente da República da Bulgária, Rosen Plevneliev, que inicia hoje uma visita de Estado de dois dias a Portugal.

"Portugal é um país respeitado pelos restantes países da União Europeia precisamente porque que assume os compromissos que estão sobre a mesa no quadro europeu aos mais variados níveis. Isso não vai mudar, é o meu convencimento", afirmou Cavaco Silva.

Questionado sobre as suas afirmações em Junho, quando visitou a Bulgária, acerca da situação de instabilidade que se vivia na Grécia, Cavaco Silva insistiu que assumir os compromissos é fundamental para a credibilidade do país no plano internacional, para a confiança dos investidores e dos mercados e, consequentemente, para o reforço do investimento em Portugal.

"Este é o caminho que Portugal terá que continuar a trilhar", vincou, reiterando a necessidade do país respeitar os compromissos assumidos com os outros países da União Europeia, com os parceiros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e "respeitando sempre as regras que fazem parte da União Europeia e da zona do Euro". Esta é, aliás, uma das condições colocadas pelo Presidente da República para uma solução de Governo estável - ter um executivo comprometido com os acordos internacionais firmados por Portugal. No plano internacional é muito importante que as relações entre os países se apoiem na "confiança e na amizade", argumentou ainda Cavaco Silva.

Portugal e Bulgária pedem resposta europeia "unida e coesa" às migrações
Os dois Presidentes sublinharam  a importância de uma resposta "unida e coesa" da Europa à actual crise dos refugiados e a necessidade de uma visão global e abrangente do problema. "A crise dos refugiados requer um esforço comum. Portugal e a Bulgária representam parte da solução, mas ela exige uma abordagem conjunta europeia", defendeu o presidente búlgaro, Rosen Plevneliev na conferência de imprensa conjunta.

O presidente português afirmou também a "posição muito construtiva" dos dois países na matéria, sublinhando a disponibilidade para o acolhimento de refugiados. Cavaco Silva alertou por outro lado para a necessidade de "olhar para as razões" na origem das migrações e, apontando a cimeira entre líderes europeus e africanos, marcada para a próxima semana em Malta, frisou a importância de um "trabalho conjunto dos países de origem, de trânsito e de destino".

Plevneliev manifestou a sua concordância, salientando a importância de uma "política [externa] europeia ambiciosa" que contribua para a resolução de conflitos e advertindo para outros fatores que vão aumentar os fluxos migratórios no futuro. "Esta vaga migratória não é nada comparada com o que pode vir a ser quando começarem a sentir-se os efeitos das alterações climáticas", como secas generalizadas, disse o presidente búlgaro, apelando para compromissos em matéria de redução dos gases com efeito de estufa. 

A Bulgária é um dos países da União Europeia (UE) na rota terrestre seguida por milhares de refugiados provenientes da Ásia e Médio Oriente, fluxo que aumenta consideravelmente com o inverno, altura em que as condições no Mediterrâneo dificultam ainda mais a arriscada travessia.

Turismo é área para reforçar laços
Cavaco Silva apontou o turismo, a construção de infraestruturas, as tecnologias de informação e a indústria farmacêutica como áreas onde será possível reforçar as relações económicas com a Bulgária, país onde cerca de 450 empresas portuguesas já têm negócios. Apontando a visita do Presidente búlgaro a Portugal como uma "oportunidade para reforçar as relações bilaterais e encontrar pontos adicionais de entendimento" em matérias da União Europeia e questões internacionais, Cavaco Silva recordou que já há "um número bastante razoável de empresas portuguesas que têm negócios com a Bulgária".

Contudo, insistiu, é possível fazer mais, nomeadamente através de parcerias "olhando para mercados terceiros" e "tirando partido da experiência" dos empresários búlgaros no Mar Negro e nos Balcãs e, por outro lado, da experiência portuguesa em mercados africanos e da América Latina.

"Esta visita contribuirá para o estabelecimento de contactos ainda mais fortes", acrescentou, numa alusão à visita do Presidente búlgaro a Portugal. E lembrou o acordo que será assinado na terça-feira relacionado com a formação profissional de agentes de turismo.