Novo BIP/ZIP inclui formação de actores em Chelas e documentário sobre a Pampulha
Aquela que é a 5.ª edição do Programa BIP/ZIP, da Câmara de Lisboa, prevê um investimento de 1,6 milhões de euros a distribuir por 36 projectos.
O registo num documentário das memórias do Bairro da Pampulha, a realização de workshops de formação de actores no Bairro do Condado, o lançamento de uma linha de produtos artesanais para lavagem de roupa na Bela Flor, a criação de uma marca para valorizar os produtos e o património da Ajuda e a abertura de estágios nas juntas de freguesia de Santa Maria Maior e de Arroios para mulheres que se prostituem são alguns dos projectos que a mais recente edição do Programa BIP/ZIP vai permitir que se concretizem no município de Lisboa.
Esta sexta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa e a vereadora da Habitação e do Desenvolvimento Local assinaram, numa cerimónia que encheu o salão nobre dos Paços do Concelho, os protocolos com as entidades responsáveis pelos 36 projectos vencedores desta edição. A sua execução, que se prolongará por um ano, vai envolver um total de 168 entidades (45 promotoras e 123 parceiras) e permitir a realização de cerca de 210 actividades.
Essas actividades vão desenvolver-se em 40 dos 67 Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária do concelho de Lisboa, territórios que receberam essa designação em 2010 na sequência de uma avaliação feita em função de um conjunto de indicadores sociais, urbanísticos e ambientais. Este ano, o investimento que está previsto que a câmara faça no Programa BIP/ZIP é de quase 1,6 milhões de euros, valor ao qual se somarão 386 mil euros angariados pelos proponentes.
Na lista dos 36 projectos que estão prestes a sair do papel há, além dos já mencionados, obras de requalificação de espaços públicos em vários bairros da cidade, a criação de um negócio de comida de rua em quiosque móvel no centro histórico de Carnide, acções de formação em carpintaria em Marvila Velha e a dinamização de hortas na Quinta do Tarujo e na Quinta do Olival. A instalação de um centro de documentação na Rua de São Paulo e a criação de um laboratório de emprego na Horta Nova vão também avançar, assim como a identificação de obstáculos à mobilidade na Graça/Sapadores e a apresentação de soluções para a sua resolução.
Na sua intervenção, a vereadora da Habitação destacou que nas quatro edições anteriores este programa recebeu um investimento camarário de 5,9 milhões de euros, distribuídos por um total de 150 iniciativas. Para lá dos números, Paula Marques sublinhou a existência de “projectos que se ancoraram na cidade” e de “marcas que foram activadas por projectos BIP/ZIP e que ganharam asas e sustentabilidade”.
Uma delas é a ComPonto, marca de acessórios que como o PÚBLICO contou há alguns meses nasceu do projecto Ameixoeira Criativa, através do qual se pretendia qualificar na área da costura residentes em situação de vulnerabilidade. Na cerimónia de assinatura de protocolos que se realizou esta sexta-feira, o vereador dos Direitos Sociais, João Afonso, usou um laço da marca e o presidente da câmara, Fernando Medina, foi presenteado com outro.
Além da ComPonto foram já criadas, segundo informações agora disponibilizadas aos jornalistas, outras 16 marcas de várias áreas de negócios. Em relação à edição de 2014 do BIP/ZIP foi agora divulgado que nesse ano se assistiu à criação de 123 postos de trabalho, 68 dos quais fora das equipas que concretizaram os projectos.
“Este programa é um instrumento para fazer cumprir os objectivos da nossa política de desenvolvimento local”, notou Paula Marques, lembrando aos presentes a atenção que o BIP/ZIP tem merecido por parte do meio universitário e o “reconhecimento internacional incrível” que tem suscitado. “O programa cresceu, está maduro”, disse ainda a autarca dos Cidadãos por Lisboa, acrescentando que agora é tempo de o “amplificar”.
“A melhor forma de amplificar o programa é termos mais capacidade financeira para abrangermos mais projectos”, explicou depois ao PÚBLICO, admitindo ter a expectativa de ver crescer as verbas que estão consagradas a esta iniciativa no orçamento municipal. Aos jornalistas, Paula Marques transmitiu ainda que a câmara está a preparar “dois tipos de monitorização” do programa: um para avaliar se os territórios hoje considerados Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária devem manter essa designação e se há outros que devem passar a tê-la, e um segundo para perceber “que marcas identitárias ficam em cada território depois de o BIP/ZIP acontecer”.
Já Fernando Medina constatou que este programa “foi sem dúvida uma grande ideia”. “Tem, edição após edição, reforçado o seu papel e centralidade no programa da câmara”, notou, sublinhando que ele “cumpre uma ideia central” do seu “projecto político”: a da “participação das pessoas na governação da cidade”.