Enfermeiros: formação de excelência para emigração a custo zero

O sistema de saúde português/serviço nacional de saúde precisam urgentemente de mais Enfermeiros!

Preocupa-me a defesa da imagem destes profissionais nos cuidados de saúde prestados à população! Preocupa-me na saúde o presente e o futuro! Preocupa-me a situação económico-financeira do meu país! Preocupam-me os números apresentados para os cuidados de saúde! Preocupa-me o estado social das pessoas! Preocupa-me o futuro do cidadão, ser humano utilizador e necessitado de cuidados de saúde. Preocupa-me a saída maciça de enfermeiros jovens e com anos de exercício! Estas preocupações prendem-se com a qualidade e com a segurança dos cuidados de Enfermagem prestados; com a ausência dos mesmos; com as condições do exercício profissional; com a sobrecarga de doentes e de turnos contínuos; com as dotações deficitárias dos enfermeiros e dos enfermeiros especialistas. Portugal forma anualmente cerca de três mil Enfermeiros. Jovens recém-licenciados que acabam por abandonar o país em prol de melhores condições e valorização profissional.

 

Este ano, até à presente data, a Ordem dos Enfermeiros recebeu mais de 2700 inscrições com pedido de atribuição do título profissional de Enfermeiro. Só na Secção Regional Norte foram cerca de 950 novos pedidos. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), na região norte, o rácio de Enfermeiro/doente, deveria ser de 8,6 por 1000 habitantes e temos cerca 6,5 Enfermeiros. É incompreensível e inaceitável continuar a formar estes Enfermeiros com qualificação excelente, com custos do erário público e das suas famílias, para emigrarem a custo zero. De 2009 até ao final de 2014 calculamos uma emigração de cerca de 12 000 enfermeiros! Estes profissionais de excelência fazem-nos falta no Sistema de Saúde Português (SSP). Com estes Enfermeiros teríamos cuidados de saúde mais seguros e mais eficazes. Não há dúvidas quanto à qualidade da formação. Entidades nacionais e, especialmente, internacionais, reconhecem que os Enfermeiros portugueses têm uma formação académica de elevado nível. Estamos perante um desaproveitamento do investimento na formação

Ainda este ano o Governo providenciou a abertura de 1000 lugares nos cuidados primários. Contudo, estes concursos têm sido insuficientes na entrada de novos Enfermeiros. Acabam apenas por regularizar contratos precários de Enfermeiros que já se encontram a exercer nas instituições e pouco ou nada resolvem o problema de fundo. As respostas em saúde no País têm necessidade de Enfermeiros nos cuidados pré-hospitalares, nos cuidados primários, nos cuidados hospitalares, nos cuidados continuados, nos cuidados domiciliários, nos cuidados nas estruturas de residência de idosos (Lares) e outros.

É unânime na sociedade portuguesa que temos uma profissão de elevada qualidade. O papel do Enfermeiro no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em todo o Sistema de Saúde Português (SSP) tem vindo nos últimos 30 anos a conquistar um espaço estruturante na saúde dos portugueses. O cidadão reconhece que os profissionais de saúde que estão mais próximos e mais acessíveis são os Enfermeiros conforme estudo recente da Direção Geral de Saúde (DGS). Os próprios decisores centrais e regionais reconhecem no Enfermeiro o seu papel fundamental nas respostas de saúde à população ao nível da prevenção primária, secundária, terciária e agora a quaternária pela longevidade do ciclo de vida. Não há cuidados de saúde seguros e de qualidade sem Enfermeiros! O Enfermeiro é reconhecido como o profissional que assegura cuidados de saúde nas 24 horas a doentes em determinados contextos. Mais, os Enfermeiros são os profissionais que asseguram cuidados pré-hospitalares, cuidados primários, cuidados hospitalares, cuidados continuados e paliativos, cuidados domiciliários e outros mais específicos.

O sistema de saúde português/serviço nacional de saúde precisam urgentemente de mais Enfermeiros!

Presidente do CDR/SRN da Ordem dos Enfermeiros

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