Passos assume que não quis salvar o BES e que lutou contra privilégios
O líder da coligação PSD/CDS deixou uma mensagem enigmática, em tom de ataque, mas sem explicar o destinatário.
O líder da coligação PSD/CDS começou por assumir que a sua intenção era não salvar o grupo que dominava o BES. “Não me arrependo de não ter dito à Caixa Geral de Depósitos para salvar o grupo Espírito Santo não por ser este grupo mas porque a função do Estado não é salvar bancos”, afirmou, num jantar-comício, em Torres Vedras, na zona Oeste, horas depois de ter recebido algumas pessoas que perderam dinheiro em investimentos no banco que colapsou. Do lado de fora do restaurante, pouco tempo antes, uma dezena de manifestantes protestavam contra o “roubo” do dinheiro do BES.
Na intervenção, que só aconteceu depois do jogo de futebol Porto-Benfica, Passos Coelho disse ter preocupação “com quem é enganado na vida, nas relações económicas e financeiras”, mas entende que a situação pode ser reposta na justiça. O exemplo de ter recusado ajuda do Estado para financiar o antigo BES foi usado para dizer que a coligação PSD/CDS combateu, na economia, o domínio de alguns. “Se queremos um Estado ao serviço de todos então queremos um Governo que queira lutar contra os privilégios e só pode lutar quem tenha provas dadas que não querer estar ao serviço de alguns, mas sim ao serviço de todos”, sustentou. E foi nessa altura que deixou o enigma: “Deixem-me dizer-vos. Há silêncios nesta campanha eleitoral muito ensurdecedores. Queremos ter também um país que seja mais justo”. O tom era de ataque e de ameaça, mas nada foi concretizado.
O discurso do ainda primeiro-ministro falou ainda do futuro e da importância dos fundos comunitários que “vão estar ao dispor de trabalhadores e empresas e não de obras públicas”. Em suma, o próximo ciclo de fundos europeus servirá para a economia crescer.
Socialistas "bazaram"
O futuro dos próximos quatro anos foi central na intervenção de Paulo Portas que, nos últimos dias, se tinha concentrado nas críticas ao secretário-geral do PS António Costa. “Se mantivermos a prudência e a cautela podemos ter quatro anos impressivamente mais livres, e podemos dar esperança. São muito importantes na recuperação de rendimentos. Não é um slogan. Só é possível porque arrumamos a casa”, afirmou, sem deixar de recordar o passado, numa linguagem livre: “Deixaram-nos na bancarrota e bazaram”.
As farpas a António Costa não foram, no entanto, esquecidas. Portas coloca ao eleitorado a escolha entre um caminho de “ziguezagues” – o socialista - ou o da coligação que é “moderado e seguro”. E se houver governabilidade “é possível melhorar dos rendimentos, e aumentar o investimento e o emprego”. A somar ao crescimento económico, o líder do CDS promete o fim da excepcionalidade: “As pessoas têm direito à previsibilidade nas suas vidas e à normalidade nas suas vidas”.