O cinismo de Assad e um possível futuro
Na Hungria violência, arame farpado, gás lacrimogéneo. Na Croácia, promessas de receber todos, independentemente da sua religião ou cor de pele. Os refugiados que ainda se comprimem contra as ameaçadoras barreiras húngaras, transformaram já o seu desespero em arremesso de objectos à polícia antimotim. Até maçãs (que lhes fariam falta para se alimentarem) foram atiradas, às dezenas, como testemunham os fotógrafos. Do outro lado do drama, Assad: a sua voz fria e cínica comentou pela primeira vez a vaga de refugiados, sugerindo como “solução” que os que o atacam deixem de apoiar “terroristas”. Mas neste conflito, onde a Rússia (com cada vez mais tropas e armas no terreno, ao lado de Assad) e os Estados Unidos medem forças, Assad já conta pouco. Se houver habilidade na arena diplomática, pode ser que a guerra veja um fim e que da Síria algo se salve para relançar o país. Assad será, nisso, apenas um peão provisório.