De Londres à Jamaica e à pesca na Nigéria, eis os finalistas do Man Booker 2015

Dois britânicos, duas norte-americanas, o primeiro jamaicano e o segundo nigeriano na shortlist do mais importante prémio literário britânico.

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O júri analisou 156 obras este ano Russell Boyce/REUTERS

Os finalistas do importante prémio literário britânico, que em 2013 anunciou a sua expansão para escritores de todas as nacionalidades desde que tenham publicado originalmente a sua obra em inglês e que tenham edição no Reino Unido, vão do Reino Unido à Nigéria, passando pela Jamaica e pelos EUA.

São então finalistas os romances Satin Island, do britânico Tom McCarthy, A Brief History of Seven Killings, a terceira obra do jamaicano Marlon James, The Fishermen, o primeiro romance do professor nigeriano de Literatura, Escrita Criativa e Inglês Chigozie Obioma, ou The Year of the Runaways, a recém-publicada segunda obra do britânico Sunjeev Sahota. As duas únicas mulheres na lista de finalistas do Man Booker 2015 são as norte-americanas Anne Tyler com A Spool of Blue Thread e a Hanya Yanagihara com A Little Life. Tyler recebeu já o Pulitzer pela sua obra, a vigésima, que versa sobre quatro gerações de uma família e Yanagihara tem sido muito elogiada pelo retrato de corações partidos nas relações de quatro recém-licenciados nesta sua segunda obra.

Tom McCarthy e o “antropólogo empresarial” que criou para o seu romance passado na Londres actual, está pela segunda vez na shortlist do Booker (a primeira foi em 2010 com o romance C). Em 2015, há então também o britânico Sunjeev Sahota, que escreve sobre os imigrantes indianos a trabalhar e a viver numa cidade do Reino Unido.

Atribuído anualmente desde 1969, o mais importante galardão literário da língua inglesa até 2013 só premiou escritores do Reino Unido, irlandeses, do Zimbabwe ou de países da Commonwealth. Agora tem apenas dois finalistas britânicos como finalistas depois de em 2014 terem sido três os britânicos e dois os americanos na lista – um dos principais temores e críticas feitos à mudança das regras no Booker foi que os pesos-pesados da literatura e mercado americanos eclipsassem os restantes autores.

Este ano, apesar da contabilidade feita às nacionalidades mostrar equilíbrio, o júri confirma que quatro destes autores residem e trabalham nos EUA. Marlon James é o primeiro jamaicano a chegar a esta fase do prémio e escreve sobre a violência dos gangues e uma tentativa de assassinato de Bob Marley e o nigeriano Obioma, o segundo do seu país a ser nomeado, romanceia o confronto de quatro irmãos, durante a gazeta às aulas para ir pescar, com a profecia de um louco no seu país natal. Ambos leccionam em universidades norte-americanas.

O vencedor, nome anunciado a 13 de Outubro em Londres, receberá mais 50 mil libras (71.500 euros) e será escolhido por um júri encabeçado por Michael Wood, professor na Universidade de Princeton. O júri elogiou esta manhã a “variedade de estilos de escrita, de herança cultural e origens literárias dos escritores” finalistas – há “um extraordinário espectro de abordagens à ficção” e estão “em fases muito diferentes das suas carreiras”, destacou Wood.

De fora ficaram então a irlandesa Anne Enright (The Green Road) e a americana Marilynne Robinson (Lila, acabado de editar em Portugal pela Presença), dois dos nomes mais consagrados entre os 13 semi-finalistas anunciados no final de Julho. Para trás ficaram ainda Did You Ever Have a Family, de Billy Clegg, The Moor's Account, da americana de origem marroquina Laila Lalami, Sleeping on Jupiter, da indiana Anuradha Roy, e The Chimes, da neozelandesa Anna Smail.

O vencedor de 2014 foi o australiano Richard Flanagan com The Narrow Road to the Deep North (A Senda Estreita para o Norte Profundo, editado em Portugal pela Relógio d’Água).

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