Justiça sobre os escândalos na FIFA: "A investigação ainda está longe do intervalo"

Os responsáveis pelas averiguações nos EUA e na Europa admitem incriminar mais pessoas futuramente.

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Michael Lauber e Loretta Lynch durante a conferência de imprensa em que falaram sobre as investigações à FIFA FABRICE COFFRINI/AFP

“O curso do nosso inquérito não está limitado (...) e admitimos acusar outras pessoas e organizações”, disse a responsável pela justiça norte-americana em Zurique, na Suíça, em relação ao caso que já motivou acusações contra 14 pessoas.

Lynch falou do processo, que acusou nove ex-dirigentes e cinco empresários ligados ao marketing desportivo, em conferência de imprensa conjunta com o procurador-geral da Suíça, Michael Lauber.

No âmbito da investigação, conduzida pelos Estados Unidos e por Lynch, procuradora em Nova Iorque, estão acções levadas a cabo nos últimos 25 anos e em causa estarão subornos na ordem dos 150 milhões de dólares (cerca de 140 milhões de euros).

Questionada se Joseph Blatter, presidente demissionário da FIFA, será ouvido pela investigação norte-americana, Lynch evitou entrar em detalhes e, de forma irónica, disse não comentar o programa de viagens do dirigente de 79 anos.

A FIFA conhecerá o sucessor de Blatter nas eleições agendadas para 26 de Fevereiro, num congresso extraordinário do organismo.

Também na conferência, o procurador suíço, Michael Lauber, revelou que, no âmbito da investigação à atribuição dos Mundiais de 2018 à Rússia e de 2022 ao Qatar, foram apreendidos activos financeiros e que os mesmos incluem apartamentos nos Alpes suíços.

Numa analogia às regras e ao jogo de futebol, o responsável referiu que “a investigação ainda está longe do intervalo”.

Sem referir quaisquer nomes dos proprietários, Michael Lauber explicou que os investimentos nos apartamentos nos Alpes podem ter servido para lavagem de dinheiro, acrescentando existirem movimentos bancários suspeitos em 121 contas, já assinaladas.

A 27 de Maio, as autoridades suíças detiveram sete dirigentes da FIFA, sob a acusação de corrupção.

As detenções foram fruto da colaboração entre as instâncias judiciais suíças e a procuradoria de Nova Iorque, que os acusa de terem aceitado subornos e comissões desde os anos 90, a troca de favores.

Nesse mesmo dia, o ministério público suíço abriu uma investigação a alegados actos de corrupção nas eleições das sedes para os Mundiais de 2018 (na Rússia) e 2022 (no Qatar).

Entre os sete detidos, seis permanecem em Zurique, à espera de extradição, e outro, Jeff Webb, já foi entregue às autoridades norte-americanas.

A FIFA foi abalada por este escândalo de corrupção em Maio, a dois dias da reeleição de Joseph Blatter para a presidência do organismo, no processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou a acusações a 14 dirigentes e ex-dirigentes.

O príncipe jordano Ali bin Al Hussein, antigo vice-presidente da FIFA, o francês Michel Platini, presidente da UEFA, o sul-coreano Chung Mong-Joon, também antigo vice-presidente da FIFA, e o ex-futebolista brasileiro Zico já anunciaram que são candidatos à liderança da FIFA.