Jerónimo de Sousa prevê aumento da abstenção devido à emigração de meio milhão de portugueses

Líder do PCP na Festa das Vindimas, em Palmela.

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Para Jerónimo de Sousa, o que “determina as soluções para a governação são as maiorias que se formem na AR” Enric Vives-Rubio

"Nestes quatro anos, emigraram cerca de meio milhão de portugueses, que, naturalmente, à procura de resolver os problemas da sua vida, acabam por não votar; abstêm-se. Perderam vínculo, perderam afectividade, perderam referências do seu país, que os maltratou e que os obrigou a emigrar. Este elemento é preocupante porque vai haver mais abstenção, designadamente, daqueles que emigraram, forçosamente, para o estrangeiro", disse Jerónimo de Sousa.

"O que podemos dizer a esses emigrantes é que votem, que participem e condenem aqueles que os obrigaram a uma emigração forçada", acrescentou o líder comunista, durante uma vista à Festa das Vindimas, em Palmela.

Questionado pelos jornalistas, Jerónimo de Sousa reafirmou a ideia de que um eventual entendimento entre socialistas e comunistas, depois das eleições legislativas de 4 de Outubro, depende de uma mudança de políticas por parte do PS.

"O PS não responde a uma pergunta fundamental que nós colocamos: governar para quê e governar para quem? Que política é que deve ser realizada, que rupturas é que devem ser feitas, que respostas aos problemas da renegociação da dívida", questionou, adiantando que o PS quer apenas ser protagonista das políticas dos últimos anos.

"O PS não está disposto a assumir nenhuma ruptura, mas a dar continuidade a esse caminho que comprometeu o País, que o leva a estar hoje mais dependente do estrangeiro, mais endividado mais injusto. E, nesse sentido, a pergunta deve ser devolvida ao Partido Socialista: quer continuar a fazer o mesmo, ou está disponível para uma ruptura com esta política e afirmar em Portugal uma política patriótica e de esquerda", questionou.

Assegurando que o PCP está disponível para participar no debate das grandes questões nacionais, Jerónimo de Sousa escusou-se, no entanto, a responder a perguntas sobre o impacte que a alteração da medida de coacção do ex-primeiro José Sócrates, de prisão preventiva para obrigação de permanência na residência, poderá vir a ter na campanha eleitoral.

"Eu já assumi um compromisso perante os portugueses: nós vamos dedicar-nos totalmente à batalha o esclarecimento, da mobilização, de discutir as grandes questões nacionais e não misturar aqui processos judiciais. Não falaremos sobre isso", disse.