Eslováquia anuncia que só vai receber imigrantes cristãos

Macedónia declara estado de emergência e envia Forças Armadas para o Sul do país, junto à fronteira grega.

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Migrantes embarcam em Belgrado em comboio com destino à fronteira com a Hungria Andrej Isakovic/AFP

Depois de uma série de declarações contraditórias sobre o número de pessoas que a Eslováquia quer acolher, ora 100, ora 200, quando a versão original do plano de Bruxelas (rejeitado pelos estados-membros) previa uma quota obrigatória de 1200 imigrantes para o país, o primeiro-ministro, Robert Fico, acabou por dizer que afinal lá serão 200, repetindo que todos terão de ser cristãos. As famílias já identificadas pelo Governo são sírias (10% dos sírios são cristãos).

“Nós não temos mesquitas”, comentou um porta-voz do Ministério do Interior, ensaiando uma explicação, depois de a Comissão Europeia ter relembrado, pela voz da porta-voz, Annika Breidthardt, que o espírito e a letra dos tratados europeus impedem toda a forma de discriminação.

Os eslovacos não são os únicos com vontade de escolher a confissão dos futuros acolhidos; em Maio, a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, também disse que, para começar, a Polónia só pretendia receber 60 famílias cristãs. Mas já em Julho, o país aceitou abrir as portas a 2000 imigrantes vindos da Síria e do Norte de África, depois de já ter recebido 50 famílias cristãs sírias.

Os búlgaros, com 7,8% de muçulmanos, fizeram saber que temem ver “perturbado o equilíbrio étnico do país” com o plano europeu. “A Bulgária tem regiões onde as populações são misturadas. Não temos nada contra os muçulmanos. Mas se outros muçulmanos chegarem do estrangeiro, isso vai mudar radicalmente a demografia do país”, afirmou na Cimeira Europeia de 23 de Abril o primeiro-ministro, Boyko Borissov.

Este plano visa apenas recolocar 40 mil pessoas, quando 400 mil já pediram asilo na UE entre Janeiro e Julho. Ao longo de 2014, foram 600 mil os requerentes de estatuto de asilo.

Mais a sudeste, o Governo da Macedónia declarou esta quinta-feira o estado de emergência, anunciando que vai enviar as Forças Armadas para gerir “a crise” no Sul do país, onde não param de chegar imigrantes vindos da Grécia. “Por causa da pressão acrescida na fronteira sul e da imigração intensificada no corredor balcânico, foi estimado que é preciso um controlo mais eficaz na zona fronteiriça”, explica o Governo num comunicado.

Milhares de pessoas, na sua maioria refugiados sírios, mas também somalis, paquistaneses ou afegãos, têm chegado nos últimos dias à cidade de Gevgelija, na fronteira com a Grécia. A partir daqui, esperam conseguir entrar em comboios e atravessar a Macedónia, depois a Sérvia, chegando por fim à União Europeia – na verdade, ao muro de quatro metros de altura que a Hungria conta ter terminado até ao fim do mês ao longo da sua fronteira com a Sérvia.

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