Ministra garante que “área ardida não tem acompanhado” o número de incêndios
Só no domingo foram registados 382 incêndios, um valor recorde. Mas Anabela Rodrigues assegura que o actual dispositivo é suficiente.
Anabela Rodrigues falava aos jornalistas no final de uma reunião que presidiu na Autoridade Nacional de Protecção Civil e que teve como objectivo fazer um balanço da evolução dos incêndios que têm estado a afectar o país.
“Portugal está a enfrentar neste momento condições meteorológicas muito severas e favoráveis a incêndios florestais como não acontecia há cerca de uma década e meia”, começou por dizer a ministra, que depois reforçou que “quase 80% do território continental está em seca meteorológica severa ou extrema”. “A severidade meteorológica de 2015 é mais acentuada do que nos anos com maior área ardida”, acrescentou.
A ministra insistiu que “o número de ignições é muito elevado, o que traduz a grande severidade meteorológica”. Mesmo assim, salientou que “a área ardida é de 20% abaixo da média dos últimos dez anos”. De acordo com os dados da titular da pasta da Administração Interna, desde o início do mês houve 43 incêndios com mais de 100 hectares de área ardida, sendo que até dia 8 de Agosto houve um total de 1384 incêndios no país. A média de incêndios em Agosto é de 173 ocorrências por dia, quando em Julho foram 131 e em Junho 82.
Anabela Rodrigues destacou, depois, os últimos três dias, para dizer que os dias 7, 8 e 9 de Agosto “foram desde Janeiro de 2015 os três dias com maior número de ocorrências”: na sexta-feira foram registadas 222, no sábado 295, e, no domingo, um recorde de 382. No entanto, segundo o Comandante Operacional Nacional na Protecção Civil, José Manuel Moura, nesta segunda-feira já se prevê uma redução deste valor.
A ministra assegurou que, apesar das condições difíceis, os meios têm conseguido dar resposta. “O dispositivo foi preparado tendo por base os anos mais difíceis. Este dispositivo tem respondido positivamente a esta situação muito difícil”, afirmou, sublinhando depois que “o objectivo primordial deste dispositivo é a permanente segurança das forças”.
“A segurança dos envolvidos no combate aos incêndios é uma prioridade com a qual o Governo tem um compromisso inabalável”, disse. Anabela Rodrigues apelou, contudo, a que a população não tenha comportamentos de risco que possam causar mais incêndios.
Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de se vir a reforçar o actual número de meios, Anabela Rodrigues insistiu que a resposta tem sido suficiente, mas admitiu que vão sempre adequar as forças ao que se passa no terreno. A este propósito, o Comandante Operacional Nacional na Protecção Civil completou que nesta semana esperam um “desagravamento das condições meteorológicas” que permitirá que os grupos de combate regressem às suas bases.
Só no domingo, segundo José Manuel Moura, foram movimentados 25 grupos em todo o território. “Tivemos uma actividade operacional mais significativa a noroeste do país. Viana do Castelo, Braga e Porto foram os distritos responsáveis por mais de 54% das 382 ocorrências, razão pela qual fomos obrigados a fazer um balanceamento do dispositivo”, justificou. Nesta segunda-feira as preocupações concentram-se em quatro incêndios, dois dos quais no distrito de Viana do Castelo.
Os dados avançados pelo comandante indicam que, no total, já arderam mais de 31 mil hectares, mas ainda falta validar a área total ardida no fim-de-semana. “Ainda assim, está abaixo da média dos últimos dez anos. Para uma severidade que é a pior dos últimos 16 anos, não temos os piores resultados dos últimos 16 anos”, disse.