Uma bandeira içada 50 anos depois
Cuba e EUA estavam de costas voltadas desde 1961, precisamente o ano de nascimento de Barack Obama.
Em Dezembro de 2013, nas cerimónias do funeral de Mandela, para espanto de todos, Barack Obama apertou a mão a Raúl Castro. Na altura, surgiu a seguinte pergunta: estão os velhos inimigos da Guerra Fria à beira da reconciliação ou tratou-se apenas de boa educação num funeral? Um ano mais tarde viria a resposta: os dois velhos inimigos anunciavam, a 17 de Dezembro de 2014, um acordo histórico com vista à normalização das relações entre os dois países.
A face mais visível desse acordo foi e será o içar das bandeiras nas respectivas embaixadas. Esta segunda-feira, em Washington, foi hasteada a bandeira vermelha, azul e branca; não a americana, mas a cubana. Daqui a um mês, em Havana, com a presença de John Kerry, será hasteada a bandeira vermelha, azul e branca; não a cubana, mas a americana.
São dias históricos e carregados de simbolismo os que por estes dias se vivem nas respectivas capitais e que procuram dar um novo rumo a uma história que é contada por episódios como a Baía dos Porcos e a crise dos mísseis, que afastaram, quase irremediavelmente, Washington e Havana.
Apesar de toda a pompa no hastear das bandeiras, ainda existe um longo caminho a percorrer para a tão almejada normalização, a começar por sanear a disputa dos territórios de Guantánamo. E Obama precisa ainda de percorrer um longo caminho para conseguir convencer os republicanos, que controlam as duas câmaras do Congresso, a resolver questões como o embargo ou as limitações que ainda existem nas viagens. O republicano Marco Rubio, filho de emigrantes cubanos, já disse, por exemplo, que se for eleito voltará a fechar a embaixada.
Do outro lado, também falta saber até onde Raúl estará disposto a abrir a sociedade e a economia cubana aos interesses norte-americanos. A bandeira hasteada já é um meio caminho andado.