Não basta ser chefe para ser líder

Um líder sabe também que nenhum bom processo de decisão começa sem ouvir em volta. E, na aprovação do despacho com que tentou resolver o destino da Colecção SEC, Jorge Barreto Xavier não ouviu as principais vozes do meio que tutela. Se o tivesse feito saberia o caminho que arriscava percorrer. E preparava-se.

Sem ouvir, Barreto Xavier começou mal. E acabou pior – no caos de revogar uma decisão própria com pouco mais de um ano.

Não é credível que um secretário de Estado reverta uma lei como estratégia de confronto a um director de museu. Seria acreditar no mais absoluto vazio e errância do gesto político. Nos corredores parlamentares comentam-se ordens directas do primeiro-ministro como resposta a pressões externas. Não se sabe. E Barreto Xavier assumiu sempre a decisão de revogação como sua. Assim, o que se sabe é que um responsável político fez e desfez. E, pelo caminho, perdeu recursos humanos e credibilidade, arriscando agora um verdadeiro levantamento entre agentes normalmente pouco dados a gestos colectivos.

Por entre o ruído, uma declaração fica a reverberar: aquela em que Barreto Xavier definiu o regime jurídico de uma enorme colecção pública como “uma questão acessória” face à inauguração da nova ala de um museu. Pior: uma pequena ala que nem sequer resolve problemas estruturais.

Esta não é a voz de um líder.

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