Artistas criam petição contra processo que levou à demissão no Museu do Chiado

Jorge Molder, Julião Sarmento, Rui Chafes e Delfim Sardo estão entre os signatários

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David Santos demitiu-se em ruptura com o Secretário de Estado da Cultura, ao fim de ano e meio no Museu do Chiado DANIEL ROCHA

Entre os signatários do manifesto estão 49 subscritores originais, desde artistas como Jorge Molder, Julião Sarmento e João Cutileiro, curadores como Delfim Sardo e José Silvério, e galeristas como Vera Appleton, Ana Cristina Guerra, e Pedro Oliveira.
O manifesto, dirigido à presidente da Assembleia da Republica, Assunção Esteves, e ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, repudia a forma como foi conduzido o processo que levou à demissão de David Santos na terça-feira, em ruptura com a tutela da cultura ao fim de um ano e meio no museu.
David Santos estava a preparar a exposição de inauguração da ampliação do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado (MNAC-MC) com o título Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) prevista para quarta-feira, dia 15.
Em causa está a chamada Colecção SEC, criada ao longo de décadas pelo Estado, com cerca de mil obras, na sua maioria em depósito no Museu da Fundação de Serralves, no Porto, cuja tutela pertencia à Direcção-Geral das Artes.
Em Fevereiro de 2014, um despacho assinado pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, determinava a "afectação" da Colecção SEC à Direcção-Geral do Património Cultural, e a sua "incorporação" no Museu do Chiado, "salvaguardando acordos entretanto celebrados". Esse despacho viria a ser revogado na última semana, provocando a demissão do director do museu, David Santos.
"A nova titularidade foi estabelecida a 5 de Fevereiro de 2014 por despacho nº 1849-A/2014 publicado em Diário da República, agora aparentemente revogado. Não é, no entanto, a questão da titularidade que nos move, mas a má condução de todo o processo", justificam ainda artistas, curadores e galeristas na petição.
Também assinam Eduardo Batarda, Pedro Calapez, Rui Chafes, João Louro, Nikias Skapinakis, Jorge Martins, Manuel Costa Cabral, Jorge Queiroz, Vasco Araújo, José Pedro Croft, sustentando que David Santos, "demonstrou visão em relação à programação e estratégia" para o Museu do Chiado.
Acrescentam que o ex-director "iniciou um diálogo que se anunciava profícuo com a comunidade artística portuguesa, abriu o museu a novos públicos e teve um papel determinante na ampliação do espaço da instituição".
Apontam ainda no documento que a estratégia do diretor estava "em consonância com as determinações do Secretário de Estado da Cultura que, com eco público, as anunciou".
"Que o conjunto deste desnorte tenha implicado a demissão de um director cujo trabalho reunia consenso e começava a dar resultados, é incompreensível, revelador da falta de respeito pela opinião técnica esclarecida e, sobretudo, da ausência de visão do Palácio da Ajuda", criticam.
Colocada sábado à noite online, a petição tinha mais de 200 signatários às 14h de domingo.