A saúde "é muito mais do que ter bons médicos" e "bons hospitais"
Ex-ministro Correia de Campos, lança esta segunda-feira, no Porto, o livro com o título Saúde & Preconceito: Mitos, falácias e enganos.
Lembrando que a saúde é “muito mais do que ter bons médicos, bons hospitais, centros de saúde, medicamentos e meios de diagnóstico”, Correia de Campos defende que é “preciso actuar sobre as determinantes da saúde, cada dia mais evidentes, em especial quando a crise apertou”. Como? Trabalhando para conseguir “condições ambientais correctas, alimentação equilibrada” e também “níveis de rendimento que não deixem na pobreza uma parte dos cidadãos”.
Sustentado numa vasta experiência (além de ministro, foi por duas vezes secretário de Estado, deputado e eurodeputado), não crê que o sistema de saúde vá ruir, após a crise financeira de 2008. “Não há sinais de que tal aconteça, mas observa-se uma deterioração crescente dos meios ao alcance do SNS, com reflexos em elevadas listas de espera e eventuais perdas na qualidade do atendimento”, observa. Se esta “deriva” não for corrigida, alerta, “podemos cair, aos poucos, na deterioração do belo sistema que construímos”.
Compilando dados e indicadores que permitem perceber a evolução mais recente do sistema de saúde português, as diferentes opções que hoje se colocam e os sacrifícios que estas necessariamente implicam, o ex-ministro vai respondendo a várias perguntas. O mercado, enfatiza, “nunca pode ser uma solução global” para o problema da saúde, mas também é “vetusta e irreflectida” a ideia de que a saúde não tem preço.
Os políticos, aconselha ainda, não se devem preocupar-se “apenas com a lógica orçamental”, mas sobretudo “com a lógica da justa repartição de meios conforme as necessidades: cuidados iguais para iguais necessidades e cuidados diferentes para diferentes necessidades”.
Ao longo do livro, Correia de Campos vai sugerindo e avançando ideias e pistas para o “aperfeiçoamento do SNS”, convicto que está da necessidade de “uma atitude de saudável reformismo”, até porque “há muito espaço para actualização e modernização”.
A primeira tarefa? Será, defende, a de“escolher os melhores, não os mais dóceis e muito menos os mais fiéis” para a complexa administração do SNS. “Escolher quem esteja ao lado do SNS e não quem intimamente o pretenda derrubar, por razões de mero interesse pessoal ou por ideologia politica”, sintetiza.
Editada pela Livros Horizonte, a obra vai ser apresentada na terça-feira, em Lisboa, e, no dia seguinte, em Coimbra.