Passos rejeita críticas de que há chantagem sobre a Grécia

PCP e BE acusam Governo de fazer coro com as instituições europeias e de obrigarem Atenas a abdicar da sua soberania.

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No debate parlamentar preparatório para o próximo Conselho Europeu, de 25 e 26 de Junho, Pedro Passos Coelho assegurou que a ruptura grega não atingirá Portugal nos mercados financeiros graças aos “cofres cheios”.

“Não estamos na situação de sermos atingidos nos mercados financeiros. É isto negativo?”, questionou, lembrando a expressão usada pela ministra das Finanças sobre os “cofres cheios”. “Os senhores deputados que nos acusaram desse capricho, hoje acham bem ou mal que estivéssemos prevenidos? Os senhores deputados preferiam que não estivéssemos prevenidos”, atirou o primeiro-ministro, dirigindo-se à oposição.

Recusando discutir a questão da Grécia como “um filme” entre as posições do Governo grego e do Eurogrupo, Passos Coelho assumiu que a situação de Atenas é grave.   

“A Grécia está a viver uma situação de pré-bancarrota, assumida pelo ministro das Finanças e pelo primeiro-ministro grego. Procuraram, por todas as vias, angariar todos os fundos disponíveis. O que se passa na Grécia é grave”, assumiu. Mas, logo de seguida, respondeu a Jerónimo de Sousa, líder do PCP, que criticou a “chantagem, a arrogância” que estão a ser exercidas sobre a Grécia pelas instituições europeias. “Isso só pode ser uma caricatura de mau gosto. Não confundo os governos com os povos, não deixo de respeitar os governos eleitos”, afirmou o chefe de Governo.

Tanto Jerónimo de Sousa como a coordenadora do BE Catarina Martins criticaram o desenho dos programas de apoio externo aprovados para a Grécia.  

“O que se tem passado é vergonhoso. O discurso político tem estado em assente em mitos gregos”, afirmou Catarina Martins, referindo-se aos apoios financeiros “supostos para salvar os gregos”. “Em cada dez euros postos na Grécia, um foi para o povo grego e nove foram para a banca francesa e alemã. Isto é um assalto”, acusou a bloquista.

Jerónimo de Sousa também alinhou no mesmo argumento em torno dos fundos atribuídos para salvar a banca e mostrou-se contra a ideia da inevitabilidade da austeridade. "Dê por onde der, estão obstinados em mostrar que não há alternativa aos cortes de salários e aos aumentos dos impostos para os trabalhadores", afirmou o líder comunista.  

Mais cauteloso sobre a posição perante a crise grega, o líder da bancada socialista, Ferro Rodrigues, quis saber o que separa a Grécia do Eurogrupo. “Se for 0,25% do PIB, como diz uma notícia hoje, é ridículo”, exemplificou. O ex-ministro ficou sem resposta porque Passos Coelho argumentou com a “reserva” do teor das negociações que não lidera. 

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