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Polémico documentário sobre Amy Winehouse comove Cannes

O festival de Cannes assistiu, com comoção, à estreia do documentário sobre Amy Winehouse, um retrato poderoso sobre o equilíbrio precário entre o sucesso planetário e uma personalidade vulnerável.

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Aliás já se previa. Recorde-se que, no final de Abril, um porta-voz da família da cantora havia emitido um comunicado onde era dito que o filme continha alegações que seriam “infundadas e tendenciosas”. Os visados eram a própria família e os agentes da cantora.

O principal é o pai de Amy, apresentado como alguém ausente durante toda a sua infância e que se teria reaproximado apenas quando a filha alcançou sucesso. Ou seja, é retratado como um homem ávido por explorar a sua fama.

Já quando a cantora tinha notoriamente problemas com álcool e drogas, aos 23 anos, o pai não terá feito tudo no sentido de a ajudar, insistindo para que não fosse internada numa clínica de reabilitação, quando a cantora se preparava para concretizar a sua primeira grande digressão pelos Estados Unidos.

Mitch Winehouse tem recusado esta imagem dizendo que no documentário foram usadas declarações suas fora de contexto. Numa das cenas mais explícitas sobre o alegado comportamento menos adequado do pai, vêem-se imagens de uma viagem de férias de família que acaba por transformar-se por completo, pelo facto de o pai ter levado uma equipa de TV que filma ininterruptamente a cantora. Nessa fase, Amy já estaria num período difícil dos abusos de drogas e álcool, acabada de sair de uma reabilitação, e precisaria de descansar.

Às tantas vê-se a cantora a posar, a contragosto, com um casal de turistas para uma foto e de seguida discute com o pai, que a acusa de não atender aos pedidos dos seus admiradores. Em afirmações à imprensa o realizador britânico Asif Kapadia diz que havia muita tensão à volta de Amy Winehouse, o que não terá permitido que ela lidasse com os problemas.

No documentário é visível a personalidade estruturalmente vulnerável da cantora que nem sempre conseguiu gerir o facto de ser uma celebridade planetária. “Um percurso pessoal complicado associado ao sucesso planetário e a um estilo de vida instável, fizeram da vida de Amy Winehouse um castelo de cartas de equilíbrio muito precário”, declarou.  

O realizador fez mais de 100 entrevistas ao longo dos últimos anos, tendo utilizado as letras das canções como fio condutor do filme e recorrendo a muitas imagens de arquivo de amigos, colegas músicos da cantora e de alguns familiares.

Contam as crónicas que, na estreia, em Cannes, onde o filme foi apresentado fora da competição, o público se emocionou e as primeiras críticas têm sido entusiásticas, realçando que é um documento poderoso. O crítico do jornal britânico The Guardian, Peter Bradshaw, por exemplo, escreve que é "uma obra-prima trágica".

“Se pudesse dar tudo em troca para caminhar tranquilamente pelas ruas, faria isso”, confessa às tantas Amy por telefone a uma amiga de infância, pouco antes da sua morte em 2011. A estreia comercial do documentário está prevista para o início do mês de Julho.

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