Família de Amy Winehouse demarca-se de documentário sobre a cantora
Amy, do inglês Asif Kapadia, vai ter estreia mundial no próximo Festival de Cannes.
Num comunicado emitido no início desta semana, e citado pela AFP, um porta-voz da família classifica Amy como “um documentário enganador”, e anuncia a sua decisão de se “demarcar do filme” que vai sair sobre a “muito saudosa e amada Amy".
Acrescenta ainda a nota de imprensa que a família de Amy Winehouse vê no filme de Kapadia “uma oportunidade falhada de celebrar a sua vida e o seu talento”, além de o considerarem “enganador” e contendo “inverdades básicas” – sem, no entanto, especificar em que consistem.
“Há alegações precisas contra a família e contra o management, que são infundadas e desequilibradas”, diz ainda o porta-voz da família da cantora que morreu no dia 23 de Julho de 2011, na sua casa londrina em Camden, vítima de excesso de álcool.
Asif Kapadia e a equipa responsável por Amy – que, como o documentário Senna (2010), foi produzido por James Gay-Rees – já reagiram às críticas da família da cantora. “Quando nos reunimos para fazer o filme, começámos por ter o apoio total da família Winehouse e abordámos o projecto com uma total objectividade, como o fizemos em Senna”, disse o realizador, também citado pela AFP. Asif Kapadia acrescenta que fez uma centena de entrevistas "com pessoas que conheceram Amy": amigos, família, velhos parceiros e membros da indústria musical que trabalharam com ela. “A história que o filme conta é o reflexo daquilo que encontrámos a partir destas entrevistas”, explica e defende-se o documentarista.
Anunciado há dois anos, o projecto sobre Amy Winehouse tornou-se um documentário especialmente esperado, após o sucesso daquele que Kapadia dedicou ao campeão brasileiro da Fórmula 1. Quando, no início deste mês de Abril, teve acesso ao trailer do filme, o jornal The Guardian noticiou que ele conta a história de vida de Amy, desde a infância no bairro de Southgate, a norte de Londres, até à morte inesperada e prematura há quase quatro anos. E confirma o recurso a inúmeros testemunhos para a recriação da vida da cantora, desde os seus familiares, incluindo o seu ex-marido, Blake Fielder-Civil, e amigos de infância até elementos do meio e da indústria musical.
O filme mostra uma Amy ainda teenager a posar para vídeos caseiros, a gravar o segundo álbum, Back to Black (2006), que lhe valeu vários Grammy, e a fugir dos paparazzi junto à sua casa londrina em Camden. “Eu não quero ser uma star, quero apenas ser música”, diz uma ainda jovem Amy, acrescentando não acreditar que viria a ser “totalmente famosa”.
“Implícito no trailer está uma Winehouse vítima do seu próprio sucesso”, acrescenta The Guardian. “Os seus problemas tornaram-se as suas canções, que se tornaram a sua imagem, que fizeram dela – para o melhor e para o pior – um ícone”, acrescenta.
Aquando da apresentação do projecto do documentário, há dois anos, Asif Kapadia classificou Ami como “um talento que aparece uma vez numa geração, que capturou a atenção de toda a gente”. “Ela escreveu e cantou com o coração, e toda a gente se rendeu ao seu feitiço”.
O ponto alto na carreira de Amy Winehouse surgiu com a gravação de Back to Black, que vendeu mais de 12 milhões de cópias em todo o mundo e venceu inúmeros prémios, entre os quais vários Grammy.
Asif Kapadia, nascido em Londres em 1972, assinou já dezena e meia de filmes, entre curtas, longas-metragens (em Portugal, passaram O Guerreiro e O Regresso) e documentários. Nestes, o mais notado foi Senna, em que conta a vida (e a morte) do automobilista brasileiro Ayrton Senna, filme que conquistou inúmeros prémios, entre os quais o BAFTA de melhor documentário em 2012.
Amy está incluído na selecção oficial do Festival de Cannes (13 a 24 de Maio), fora de competição. Será a primeira presença do realizador inglês no festival francês.